Lançamento
O Teatro da Rainha de Duas Cabeças - Volume 3
Saguão de exposições do Teatro Guaíra (R. XV de Novembro, 971), (41) 3304-7900. Hoje, às 19h30. Entrada franca. O livro será distribuído para o público.
O dramaturgo Cesar Almeida é um provocador. Daqueles que não acham incomum que o público deixe seu espetáculo na metade. Afinal, o objetivo de sua arte é questionar, chocar e instigar a reflexão. Por meio da companhia Rainha de 2 Cabeças, ele cria montagens para discutir a sexualidade, a religião e o próprio teatro curitibano.
Parte desse trabalho do polemista está reunido no terceiro volume da série O Teatro da Rainha de 2 Cabeças, que será lançado hoje, às 19h30, no saguão de exposições do Teatro Guaíra. Feita por meio de leis do incentivo à cultura, a obra reúne 15 espetáculos escritos pelo diretor desde 2001, oito deles inéditos nos palcos.
Entre as peças da coletânea estão a adaptação de Shakespeare, em Hamlet(Ego)Trash (2013), e a de Fernando Arrabal, em Guernica (2012), sobre o bombardeio ao vale espanhol na década de 1930. As duas montagens ficaram em cartaz recentemente em Curitiba.
"Pensei em fazer o livro porque o teatro é uma arte muito efêmera, que se perde da memória do público. É preciso ter uma documentação", justifica o artista em entrevista à Gazeta do Povo. Outros dois títulos, lançados em 2003 e 2009, complementam o esforço do autor em registrar o que produz.
Com 30 anos de estrada, o diretor trabalhou com atores como Edson Bueno, Regina Vogue e Maite Schneider, que se tornou sua parceira recorrente nos últimos anos. Vários textos da obra, inclusive, tiveram papéis escritos para a atriz.
Carreira
Formado no extinto Curso Permanente de Teatro, realizado pela Fundação Teatro Guaíra, o dramaturgo fundou o grupo Rainha de 2 Cabeças em 1984. De lá para cá, dedicou-se a pesquisar a linguagem e a temática do contemporâneo, tornando-se uma espécie de Gerald Thomas de Curitiba. O artista, aliás, atuou em duas montagens do controverso diretor carioca nos anos 1990.
Almeida defende que suas peças são um registro cru da sociedade curitibana, cheia de contradições e hipocrisias. "Gosto de falar sobre o comportamento desta cidade, muito fria e indiferente diante de tudo. Estamos nos tornando zumbis, insensíveis e sem postura política."
Polêmicas
Costumeiramente acusado de ser obsceno, o contestador usa a nudez para confrontar o público. Em suas montagens, o corpo despido é a representação de desejo reprimido da sociedade contemporânea. "Precisamos lutar contra esse tabu sempre que for possível. Afinal, teatro é uma liberdade."
Evidentemente, o autor não é imune à própria ousadia. Ele alega que as provocações lhe custaram discussões com patrocinadores, indignações em encenações e exclusão de premiações como o Gralha Azul, que coroa anualmente os destaques da cena teatral paranaense.
Na nova coletânea, sobra até para o jornalismo cultural, acusado de ser fraco e sem repertório em análises teatrais. Essa relação com a crítica, inclusive, é um dos temas de Na Saída do Teatro Depois da Apresentação de uma Nova Comédia, seu novo espetáculo, que estreia em agosto.
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