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Rob Spence pretende instalar uma minicâmera na prótese ocular, apresentada durante conferência em Bruxelas, na Bélgica | Yves Herman / Reuters
Rob Spence pretende instalar uma minicâmera na prótese ocular, apresentada durante conferência em Bruxelas, na Bélgica| Foto: Yves Herman / Reuters

Um olhar subjetivo. É com essa proposta que o diretor canadense Rob Spence prepara um documentário sobre expansão mundial das câmaras de vigilância na vida cotidiana do cidadão. Um procedimento pioneiro e curioso pretende impulsionar essa iniciativa. Spence decidiu reunir uma equipe de engenheiros e oftalmologistas com o objetivo de elaborar uma prótese ocular que incorpore uma câmera em miniatura que o permita registrar e transmitir tudo que observa. A perda da visão do olho direito na infância pode transformar a simples deficiência em vantagem. A prótese que deve ser instalada no próximo mês é ligada a uma bateria e a um transmissor sem fios.

Spence destaca ao diário espanhol El Mundo que o projeto demoninado de Eyeborg pretende denunciar com as imagens obtidas "a fragilidade do nosso direito à privacidade, na medida em que os serviços de segurança aumentam a vigilância em nossas sociedades modernas".

Segundo ele a sociedade caminha adormecida e todos os movimentos são controlados e vigiados.

A câmera de Spence foi fornecida pela empresa californiana OmniVision Inc. e é usada normalmente para colonoscopias, telemóveis e computadores portáteis. O desafio da instalação da prótese envolveu uma equipe de engenheiros do Massachusetts Institute of Technology (MIT), incluindo Steve Mann que foi co-fundador do grupo de pesquisa em computadores portáteis. Estudiosos esperam que essa iniciativa possa acelerar as pesquisas na busca de uma tecnologica capaz de restaurar a visão de pessoas cegas.

O diretor perdeu a visão do olho direito aos 11 anos, devido a um disparo acidental quando manuseava uma espingarda durante uma caçada. O olho atingido foi retirado há três anos. No processo cirúrgico foi implantado um olho de cristal, segundo informações do diário belga "Le Soir".

O "Le Soir" destaca ainda que ninguém saberá de antemão que está sendo gravado, e posteriormente as pessoas serão informadas e autorizarão ou não o uso de suas imagens. Rob, hoje com 36 anos, destaca que "quanto mais se aproxima a altura de colocar esta câmera no olho, mais preocupadas as pessoas ficam" com ele. "Ninguém tem a certeza de querer estar com alguém que pode estar a filmar tudo, todo o tempo."

O jornal canadense The Star destaca que a ideia do canadiano de instalar uma câmera em seu olho surgiu após apreciar uma pequena peça de seu telefone móvel e pensou que era um aparato que podia perfeitamente caber no seu globo ocular. A câmera implantada em seu olho será movida pelos músculos faciais da mesma forma que ocorre na visão das pessoas sem deficiência.

A Agência Reuters indagou Spence, que mostrou-se surpreso, sobre a existência de cerca de 12 mil câmeras de vigilância na cidade de Toronto. "Mas o mais estranho é que descobri que as pessoas não se preocupam com as câmeras, mas estavam mais preocupadas comigo e com a câmera secreta que será instalada no meu olho, porque pensam que é uma grande invasão de privacidade".

Rob Spence disse durante coletiva de imprensa em Bruxelas, Bélgica, que se apelidou de "Eyeborg". Ele acrescentou que a câmera escondida na prótese ocular é de cor idêntica ao olho verdadeiro e vai permitir conseguir conversas mais naturais do que com uma câmera normal, além de ser "a melhor maneira de estabelecer uma ligação pelo contato visual". "Como realizador de documentários, estou sempre a tentar fazer uma ligação com a pessoa que estou a entrevistar."

Serviço: Para saber mais sobre o projeto denominado de "Eyeborg" acesse o blog www.eyeborgblog.com

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