Diferentes gerações se encontraram na cerimônia de entrega do 18º Prêmio Shell de teatro, que aconteceu na noite de terça-feira, dia 11, no bar Estrela da Lapa, Rio de Janeiro, reduto da boemia carioca. O evento teve como apresentador Pedro Paulo Rangel, que já foi premiado em anos anteriores na categoria de melhor ator.
Antes de iniciar a entrega dos prêmios, os indicados aparentavam tranqüilidade e faziam seus discursos politicamente corretos.
- Não tínhamos a expectativa de ter esse reconhecimento pela criação do teatro, e só a indicação já é o nosso prêmio - contentava-se Andréa Beltrão que concorreu na categoria de melhor atriz pela atuação em "Sonata de Outono" e na categoria especial, em conjunto com Marieta Severo, pela abertura do Teatro Poeira.
O veterano Sérgio Britto, indicado como melhor ator, por "Jung e eu", também não tinha esperança de ganhar e fez sua aposta para a noite.
- Se eu ganhar vai ser a surpresa do ano, pois o teatro hoje tem muitos novos talentos e acho importante que eles sejam reconhecidos. O Júlio Adrião é um deles e acredito que ganhe.
Foi dado início a cerimônia e a noite transcorria tranquilamente até que foi feita uma pausa para realizar o tributo especial da noite.
O diretor Aderbal Freire Filho fez as honrarias ao clã dos Goulart, representado por: Paulo, Nicete, Beth e Paulinho, que receberam a homenagem de símbolo da Família Teatral Brasileira.
- Eu olho para o Paulo e a Nicete e vejo que o teatro brasileiro tem história, tem passado, vive um puta presente e tem um grande futuro. Pois eles mostram isso através de gerações e de talento no palco e na vida. Homenageá-los é uma grande felicidade para qualquer um. Hoje me considero até um premiado. Ganhei o prêmio Shell de admirador da família Goulart - elogiou Aderbal.
Aplaudidos de pé, no palco Nicete e Paulo mostraram que o segredo do sucesso familiar se deve ao amor que o casal nutre há 52 anos. E o discurso foi em clima de declarações de amor.
- A estrela da nossa família na verdade é a Nicete. Pois é uma tarefa muito árdua ser excelente mãe e atriz - derreteu-se Paulo, que logo em seguida deu um caprichado beijo na mulher repetindo a cena na entrega do prêmio da revista Contigo. - Ah, dessa vez você não me pegou de surpresa - rebateu Nicete, que arrancou risadas da platéia.
Mas o clima descontraído e romântico deu lugar a certo desconforto na cerimônia. A platéia que parecia satisfeita com o andamento da premiação mudou completamente de opinião quando chegou a vez da entrega do prêmio de melhor atriz. Mônica Martelli, indicada por "Os homens são de marte e é pra lá que eu vou" e Patrícia Selonk, por "Toda nudez será castigada" eram as favoritas. Mas o troféu foi para Deborah Evelyn, por "Baque", e sob pouquíssimos aplausos e um clima constrangedor, a atriz subiu ao palco e agradeceu meio desconcertada.
Diferentemente de Deborah, o espetáculo "A incrível confeitaria do sr. Pellica", tinha torcida organizada e a cada indicação ouviam-se gritos e assobios de "já ganhou". Mas a peça levou apenas duas estatuetas das cinco a que estava concorrendo - a de melhor autor, para Pedro Brício e melhor figurino, para Rui Cortez.
O último prêmio da noite foi entregue ao melhor diretor e foi para Paulo de Moraes, por "Toda nudez será castigada". Paulo comemorou em dose dupla, pois estava aniversariando na data.
Todos os anos, o Prêmio Shell é realizado em duas edições, e contempla separadamente os espetáculos realizados no Rio de Janeiro e em São Paulo, em nove categorias de maior destaque -autor, diretor, ator, atriz, cenografia, iluminação, música, figurino e categoria especial.
Os vencedores deste ano receberam uma escultura em metal do artista plástico Domenico Calabroni, com a forma de uma concha dourada, inspirada no logotipo da Shell, e uma premiação individual no valor de R$ 8 mil.
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