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Um dos grandes fenômenos da nova safra de bandas que mesclam punk pop e heavy metal a letras instrospectivas, o quinteto My Chemical Romance, inevitavelmente, acabou sendo batizado com o (hoje) tão temido rótulo de emo. Não por menos: desde o uniforme de seus integrantes (calças e camisas pretas com gravatas vermelhas, mais franjões escurecidamente tingidos) até seus videoclipes (repletos de elementos góticos e narrativas melodramáticas) o grupo de Nova Jérsei parecia estar predestinado a fazer a alegria dos adolescentes que procuram no rock e na maquiagem a cura para a baixa auto-estima e falta de confiança comum à idade.

O rótulo até que rendeu bons resultados à banda liderada pelo vocalista Gerard Way. O segundo álbum do grupo, Three Cheers for Sweet Revenge (2004), capitaneado pelos hits "Helena" e "I’m Not Okay (I Promise)", vendeu mais de dois milhões de cópias ao redor do mundo e o quinteto passou a abrir as apresentações da megaturnê American Idiot, do trio californiano Green Day.

A parceria com a banda de Billie Joe Armstrong na estrada acabou gerando o encontro da banda de Nova Jérsei com o produtor Rob Cavallo (o mesmo do disco American Idiot), que logo assumiu a produção do terceiro álbum de estúdio do MCR, o recém-lançado, The Black Parade, que já ocupa a segunda posição na parada norte-americana Billboard de álbuns. Assim como American Idiot, o disco é conduzido por um mesmo fio narrativo, ou seja, todas as suas 14 canções (mais a 15.ª faixa, escondida no final do álbum) são variações sobre um mesmo tema, no caso, a morte.

Até aí nada de novo, visto que em seus outros dois discos a banda já tratava de temas bizarros, como amantes condenados e vampiros vingativos. A novidade fica mesmo por conta da sonoridade e do visual dos cinco rapazes – eles finalmente abandonaram os uniformes e o vocalista tingiu o cabelo de loiro. Citações a Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band, dos Beatles, e The Wall, do Pink Floyd, são constantes no material de divulgação do álbum, sem falar nas referências a Queen e Alice Cooper. Deixando o punk pop um pouco de lado, The Black Parade exala glam rock setentista, hard rock do início dos anos 80 e até heavy metal à la Iron Maiden para contar a história de um personagem simplesmente batizado de The Patient (O Paciente), que após passar um longo período em uma cama de hospital sofrendo os efeitos de um câncer avançado, morre e passa a lembrar de momentos cruciais e, por vezes, traumáticos de existência.

Sem grandes mensagens positivas – pelo contrário, as letras são um tanto pessimistas e irônicas – as canções do novo álbum fogem completamente ao estereótipo de auto-ajuda que caracteriza o gênero emo, assim como a própria construção das melodias, que recebem arranjos cuidadosos de pianos e instrumentos de corda e sopro. Faixas como a balada "The End", que abre o álbum, "Welcome to the Black Parade" e "Disenchanted", revelam que os guitarristas Ray Toro e Frank Iero devem ter passado pelo menos um mês prestando atenção no estilo que Brain May desenvolveu durante a trajetória do Queen. Mesmo assim, os antigos fãs do grupo não devem se decepcionar com as dançantes "Dead!", "This Is How I Disappear", "The Sharpest Lives" e o single de trabalho "Welcome to the Black Parade", que apesar da temática mórbida, transpiram energia adolescente. GGG1/2

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