A co-produção Terra Vermelha fala sobre o processo de aculturação dos índios da Amazônia| Foto: Divulgação / Mostra Internacional de Cinema de São Paulo
Sinédoque, Nova Iorque é o filme de estréia do roteirista Charlie Kaufman
O alemão Wim Wenders é um dos convidados ilustres da mostra
Confira alguns dos maiores destaques da 32º Mostra Internacional de Cinema de São Paulo

Os números são impressionantes: mais de 450 filmes, de 75 países. Com essa promessa de diversidade de olhares, inicia-se hoje a 32ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, o mais significativo evento audiovisual do país. Com 21 pontos de exibição espalhados pela capital paulista, o festival dará seu pontapé inicial com a exibição, para convidados, do longa-metragem Terra Vermelha (Birdwatchers), uma co-produção ítalo-brasileira dirigida pelo chileno Marco Bechis (de Garagem Olimpo). A maratona cinematográfica termina dia 30 de outubro.

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Em entrevista à Gazeta do Povo, concedida pelo telefone, o diretor-geral da mostra, o jornalista Leon Cakoff, disse que Terra Vermelha foi o título escolhido porque "é um pouco a síntese do momento que o mundo está vivendo. É um exemplo positivo de globalização. O diretor é do Chile, a produção é meio brasileira, meio italiana, e toca num tema que diz respeito ao mundo todo. A exploração da Amazônia, o processo de aculturação dos índios."

Convidados

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Tentar resumir o que a mostra deste ano tem a oferecer é tarefa árdua, senão impossível. Um bom começo é falar dos convidados muito especiais que vêm a São Paulo. Quem deve atrair mais atenção dos cinéfilos que há décadas freqüentam o festival é o cineasta alemão Wim Wenders, de Paris, Texas e Asas do Desejo. Há muitos anos, os diretores da mostra, Leon Cakoff e Renata Almeida, o convidavam, em vão, para participar do evento, que, ao longo de sua história, exibiu vários dos filmes de Wenders. Neste ano, ele pôde aceitar o convite – e, de quebra, fez a seleção de 15 filmes para integrar a programação do evento. Ou melhor, 14 – um deles é seu mais recente longa, Palermo Shooting, exibido em maio deste ano no Festival de Cannes, onde foi bastante criticado pela crítica internacional. Cakoff contou à reportagem que, desde então, o filme foi reeditado e ficou 14 minutos mais curto.

Os outros títulos indicados por Wenders incluem A Rotina Tem Seu Encanto e Fim de Verão, do mestre japonês Yasujiro Ozu; e A Sereia do Mississippi e O Garoto Selvagem, de François Truffaut.

Outro convidado que fará São Paulo tremer é o ator norte-americano Benicio Del Toro, astro e produtor de Che, megaépico de mais de quatro horas sobre o revolucionário Che Guevara, assinado por Steven Soderbergh, de Traffic. Del Toro venceu o prêmio de melhor ator em Cannes neste ano por seu desempenho no papel-título.

Completa a lista de ilustres convidados o cineasta britânico Hugh Hudson, diretor de Carruagens de Fogo, vencedor do Oscar de melhor filme, e Greystoke, a Lenda de Tarzan e integrante do júri da mostra.

Chefão

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Entre os destaques da programação – e são dezenas deles (leia quadro nesta página) – está a cópia restaurada e remasterizada de O Poderoso Chefão, de Francis Ford Coppola; o primeiro longa-metragem como diretor do roteirista Charlie Kaufman (Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças), Sinédoque, Nova Iorque, com Catherine Keener e Philip Seymour Hoffman; e o italiano Gamorra, de Matteo Garrone, vencedor do Grande Prêmio do Júri em Cannes neste ano. Do Paraná, vai à mostra o longa Mistéryos, baseado na obra do escritor Valêncio Xavier e dirigido por Beto Carminatti e Pedro Merege.

Bergman

O mestre sueco Ingmar Bergman, morto em 2007, ganha duas homenagens – uma retrospectiva do começo de sua carreira, com filmes como Crise (1946), Prisão (1949) e Rumo à Alegria (1950) e uma exposição de fotos, Meus Encontros com Bergman, composta por imagens clicadas pelo fotógrafo Ove Wallin durante cerca de 30 anos nos bastidores de filmagens e montagens teatrais do grande diretor. Segundo Cakoff, a mostra foi viabilizada pelo Swedish Film Institute, que está restaurando a obra completa do diretor.

Com orçamento ideal de R$ 5,1 milhões, a mostra de 2008 está sendo realizada a um custo real de R$ 3,5 milhões. Cakoff comentou com a reportagem da Gazeta do Povo os números do evento – a maior despesa da mostra é com pessoal, quase R$ 1 milhão, mas convidados (cerca de R$ 600 mil) e despesas com os filmes (fretes, transportes e aluguéis, outros R$ 600 mil) representam custos consideráveis. A Petrobras é a grande patrocinadora do evento, mas não a única. Governo do estado e prefeitura de São Paulo também contribuem (menos do que o desejado) com a realização da maratona cinematográfica, que neste ano teve 1,2 mil títulos inscritos de todos os continentes. "É sempre uma corrida de obstáculos, mas nunca deixa de valer a pena", afirma Cakoff.

Serviço

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Leia a programação completa da 32ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e informações sobre ingressos no site http://www.mostra.org/32/