A história de uma mulher que, após ser abandonada pelo marido, não resiste ao sofrimento da perda e acaba assassinando o ex-companheiro. A narrativa musicada por Cole Porter na canção "Miss Otis Regrets" deu origem à "Dona Otília Lamenta Muito", tragicomédia escrita pela autora gaúcha Vera Karam e que agora chega ao teatro pelas mãos do diretor Gilberto Gawronski, amigo pessoal da dramaturga. "Resolvi fazer uma homenagem no ano em que ela completaria 50 anos de idade", conta.

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Além de "Dona Otília Lamenta Muito", outras três narrativas de Vera Karam foram adaptadas aos palcos por Gawronski, em forma de esquetes, que juntas, compõem o espetáculo Dona Otília e Outras Histórias (confira o serviço completo da peça), cuja estreia nacional acontece na Mostra Oficial do Festival de Curitiba, de hoje (19) a domingo (21), no Teatro do Paiol. "Fomos convidados pelo Leandro (Knopholz, diretor do festival) e decidimos vir com o espetáculo ainda em andamento. Gosto do teatro que está sempre mudando, se adaptando. Costumo dizer que o dia em que uma peça está totalmente pronta é quando está na hora de ela sair de cartaz", explica o diretor.

Interpretada pela carioca Guida Vianna, Dona Otília é apenas uma das personagens femininas que conduzem as histórias de Vera Karam. No mesmo espetáculo, uma florista é assediada por um cliente na esquete "A Florista e o Visitante"; uma atriz sofre um ataque de nostalgia no camarim em "Será o Contrário a Vida de Atriz" (com título inspirado na canção "Beatriz", de Chico Buarque); e uma senhora atormenta a vida de um rapaz durante um espetáculo teatral, em "Dá Licença, Por Favor". Mas, segundo Gawronski, isso não significa que a peça traga apenas o ponto de vista feminino sobre as situações, muito pelo contrário. As personagens principais das esquetes são mulheres sozinhas, mas a peça não é sobre a condição feminina, e sim sobre a condição humana", ressalta.

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Descrita como uma comédia na sinopse do Guia do Festival de Curitiba, Dona Otília e Outras Histórias não pretende arrancar risadas histéricas de seus espectadores. Com elementos de drama e teatro do absurdo, as esquetes deixam transparecer uma certa melancolia, brincam com a lógica do discurso e o nonsense, em diálogos ágeis e rápidos, com influências que vão de Tennessee Williams e Karl Valentin. "É um humor que não causa gargalhadas, mas meio sorrisos", descreve Guida Vianna.