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Na noite de quarta-feira, o 33º Festival de Gramado viu o provável ganhador da categoria melhor documentário brasileiro. E, por cerca de uma hora, viu um possível ganhador do Kikito de melhor filme brasileiro de ficção, esperança demolida na hora seguinte. A competição termina esta sexta-feira, e os resultados serão divulgados sábado à noite.

O documentário em questão é "Do luto à luta", o estudo de Evaldo Mocarzel sobre a Síndrome de Down e seus efeitos sobre a vida das pessoas que têm ou convivem de perto com a doença. Evaldo já ganhou o Kikito de documentário há dois anos, com "À margem da imagem", filme sobre moradores de rua de São Paulo. Pela recepção que obteve na quarta-feira, a premiação anterior tão recente parece ser seu único obstáculo no caminho de uma nova vitória. Os comentários à saída da sala eram de que este é seu melhor filme (e já venceu o Cine PE, como atestado disso). Houve inclusive aplausos no meio da projeção, esperados, dado que o filme tem impacto emocional.

O longa de ficção da noite, "Gaijin - Ama-me como sou" parecia, a princípio, ir pelo mesmo caminho. Da mesma forma que "Do luto à luta", entrou com a platéia ganha, em função do discurso apaixonado da diretora Tizuka Yamasaki no palco, em defesa de seu direito de fazer uma grande produção.

- Tenho ouvido comentários sempre em tom negativo sobre este ser um filme grande. A gente não tirou dinheiro do filme de ninguém, apenas temos mais empresas associadas ao filme - disse ela. - Queríamos um filme grande porque achamos que o cinema brasileiro tem condições para fazer todo tipo de filme.

Gramado é um festival afeito às produções de vulto (na mesma noite, após a projeção de "Gaijin", houve a pré-estréia de "Nossa Senhora do Caravaggio", de Fábio Barreto). Cinema convencional bem-feito é sempre favorito ao Kikito de melhor filme, como ocorreu no ano passado, com a vitória de "Vida de menina", de Helena Solberg. "Gaijin" é cinema convencional bem-feito na sua primeira hora, que vai de 1900 ao período da Segunda Guerra, na qual documenta a chegada da primeira leva de imigrantes japoneses ao Brasil. À medida que o filme avança, contudo, a qualidade vai despencando.

Na primeira hora, Gramado parecia ter conhecido o vencedor do Kikito de melhor filme. Na segunda, a expectativa já havia se bandeado para "Sal de prata", de Carlos Gerbase, exibido também nesta quarta-feira. O veterano diretor gaúcho tem se beneficiado de um certo clima de bola da vez e muitos apostam que sairá premiado no sábado.

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