Soldados em Brasília em 1991: imagens vão até 2003| Foto: Orlando Brito / Reprodução

Exposição

Um Olhar sobre o Brasil – A Fotografia na Construção da Imagem da Nação

Instituto Tomie Ohtake (Av. Faria Lima, 201, com entrada pela Rua Coropé, Alto de Pinheiros – São Paulo), (11) 2245-1937. De terça-feira a domingo, das 11 às 20 horas. Entrada franca. Até 27 de janeiro.

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Augusto Stahl registrou em imagens as diferentes raças brasileiras, por vezes com fins deterministas
Livro: Um Olhar sobre o Brasil – A Fotografia na Construção da Imagem da Nação, 1833-2003. Direção de Lilia Moritz Schwarcz e coordenação de Boris Kossoy. Objetiva, 464 págs. R$ 159
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Aquilo que as escolas ensinaram e os livros fizeram imaginar, de repente, é materializado diante do visitante da exposição Um Olhar sobre o Brasil – A Fotografia na Construção da Imagem da Nação, em cartaz no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, até o fim de janeiro. O livro resultante da mostra também já está nas lojas, editado pela Objetiva.

A longa abrangência das imagens (de 1833 – poucos anos após o primeiro registro oficial de Joseph Nièpce, em 1826 – até 2003) garante ao visitante um panorama amplo da história contada nessa pesquisa, que durou mais de um ano: a participação da fotografia na formação da imagem do Brasil.

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E são os documentos do Brasil Império os que mais impressionam, pela antiguidade e pelo contato com um mundo extinto do qual são raras as imagens fotográficas.

Há desde figurões como Dom Pedro II, em viagem ao Egito ou com a família imperial diante de sua residência, até o retrato de escravos nus – todas acompanhadas de textos dos curadores-pesquisadores Boris Kossoy e Lilia Schwarcz que revelam a importância documental do que se tem diante dos olhos.

No caso do imperador, ele próprio era um entusiasta da arte fotográfica. No outro extremo, os escravos representados, em sua maioria, eram fotografados no contexto de demonstração de riqueza de seus "proprietários".

Em uma delas, um senhor tem atrás de si cinco homens negros. É uma prova de que uma só imagem pode valer mais que mil palavras: naquela segunda metade do século 19, o registro transpira o desconforto da situação inusitada (a captação levava vários minutos), a divisão de classes (o senhor é o único com sapatos) e a importância que um momento como aquele representava (os escravos estão vestidos e banhados).

Em outra série, o fotógrafo Augusto Stahl registrou os corpos nus, de frente e perfilados, de um indígena, uma mulher e um homem negros. Eram encomendas do cientista suíço Jean Louis Agassiz, que com suas pesquisas buscava comprovar o determinismo racial e interromper a miscigenação.

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Outras pérolas incluem um flagrante do performer Flavio de Carvalho andando por São Paulo de saiote numa conservadora década de 1950.

Além do garimpo entre coleções particulares, a exposição deve grande parte de sua realização a empréstimos do Instituo Moreira Salles. "Boris é um dos grandes pesquisadores da fotografia no país", comenta Diego Matos, arquiteto do Núcleo de Pesquisa e Curadoria do Instituto Tomie Ohtake. "Tem conhecimento não só das fotos antigas, mas também dos fotógrafos brasileiros."

Geografia

Matos destaca o valor de imagens antigas de locais importantes ou panorâmicas de cidades brasileiras – entre os registros está a Praça Tiradentes, em Curitiba.

"São fotos que fazem uma leitura geográfica de como os centros urbanos brasileiros nasceram, não só arquitetonicamente, mas também em termos físicos, geográficos e de organização", ressalta. Fortaleza, por exemplo, mostra sua malha regular, enquanto Recife, construída ao longo dos leitos de rios, não.

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