Os fãs de bandas e artistas internacionais como Avril Lavigne, Strokes, America e Judas Priest terão um segundo semestre com agenda cheia, como não se via desde a época em que havia paridade entre o dólar e o real.

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A queda da moeda americana frente à brasileira (no ano, a desvalorização já acumula 9,64%) vem estimulando a vinda destas e outras atrações ao Brasil. Na equação que leva as produtoras a travarem uma acirrada disputa pelo artista ou pela banda de maior sucesso, o peso do patrocinador é grande.

Neste caso, a maior participação é das empresas de telefonia celular, interessadas em associar sua imagem à de astros da música pop e do rock. Os cachês variam de US$ 50 mil a US$ 700 mil, custo que pode triplicar, somando as despesas pessoais e da equipe (nunca menos do que 20 pessoas), transporte e montagem de equipamentos.

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José Muniz Neto, vice-presidente internacional da Ocesa Presents, braço americano da Corporação Interamericana de Entretenimento (CIE), multinacional especializada em negócios do setor, afirma que a queda do dólar influencia a negociação. A CIE está desde 1998 no Brasil e traz este ano, entre outras atrações, a cantora Avril Lavigne, em setembro.

"Basta observar o comportamento do dólar e verificar como reage o mercado de entretenimento. Nos anos 90, a Argentina praticamente pagava os shows no Brasil, porque, como era um mercado forte na América do Sul, contratava os artistas e o Brasil acabava incluído no roteiro. Com os problemas econômicos argentinos, o volume de shows diminuiu muito porque o Brasil também não tinha fôlego para bancar uma agenda inteira de apresentações", lembra ele.

Crescimento

Outro momento ruim, diz ele, foi em 2003, primeiro ano do governo Lula. O dólar estava no patamar de R$ 3,50 e todos os setores da economia ficaram em compasso de espera. Em 2004 o mercado voltou a se movimentar. O histórico do negócio da música e do entretenimento está na ponta da língua de Horácio Brandão, da empresa Media Mania, responsável pela comunicação e imagem de grandes eventos no Brasil. "Houve uma enxurrada de atrações na segunda metade da década de 90, quando havia paridade entre o real e o dólar. Agora vivemos um momento semelhante, apesar de a relação não ser de R$ 1 para R$ 1", diz.

Segundo Neto, da CIE, o dólar baixo e a disposição financeira das patrocinadoras permite a venda de ingressos com mais de um mês de antecedência, o que era impossível com a moeda americana em alta. Isto é um fator que reduz o risco do empreendimento. Para ele, se o dólar se mantiver estável o mercado viverá ótimos momentos também em 2006.

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Alguns sinais de bons negócios para o próximo ano já são reais. A Planmusic Entretenimento, do empresário Luiz Oscar Niemeyer, trará para o Brasil a banda Rolling Stones, que se apresentará no dia 18 de fevereiro de 2006, na Praia de Copacabana.

Rafael Reisman, sócio da Reisman Produções, se interessou pelo setor quando trabalhava com Roberto Medina no projeto Rock in Rio. Reisman começou com o Brasília Music Festival, em 2002, e este ano trouxe o cantor americano Lenny Kravitz para o Brasil, com patrocínio da operadora de celular Claro. Ele é outro a afirmar que o dólar baixo é determinante na negociação com os artistas.

Exportação

As operadoras de celular não medem esforços quando o assunto é patrocinar atrações internacionais. Mas, além de injetar dinheiro em projetos de produtoras, criaram estrutura com assinatura própria. A Claro, que patrocinou o show de Lenny Kravitz e, segundo especulações do mercado, vai repetir a dose com os Rolling Stones, criou o evento Claro que é Rock, que mistura bandas nacionais e internacionais.

"Analisamos propostas de patrocínio mas decidimos ser proprietários de eventos. O retorno de imagem e de vendas é expressivo", afirma o diretor de Marketing da Claro, Roberto Guenburger.

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A TIM segue o mesmo caminho com o TIM Festival, que em outubro volta ao Rio, no Museu de Arte Moderna (MAM), e terá a banda Strokes como uma das principais atrações.

"O TIM Festival e outros eventos com a assinatura da empresa ajudam no processo de construção da marca no país", diz James Rubio, diretor de Imagem e Publicidade da TIM.

O Brasil está se tornando exportador neste mercado. O Rock in Rio terá uma nova edição em Lisboa, em 2006, com gastos de 30 milhões de euros. Roberto Medina também está negociando edições na Espanha e Austrália e aposta no marketing social para atrair patrocinadores.