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Don Giovanni é a quarta ópera apresentada pelo Guaíra em pouco mais de um ano. Segue-se a La Bohème, La Serva Padrona e Gianni Schicchi. Isso depois de um jejum que durou quase uma década. Só isso já seria uma notícia boa o suficiente. Mas quem foi assistir à montagem da obra teve mais razões para sair feliz. O resultado ficou longe da perfeição. Não é para menos: a ópera perfeita, se existe, não seria realizada com este orçamento. Mas que foi bom, isso é difícil negar.

O melhor foi a música. Não só pela composição de Mozart. Falar isso seria chover no molhado. Algumas árias da ópera, sozinhas, valem mais do que cada um dos dois Puccinis montados pelo Guaíra no ano passado. Mas a própria orquestra, o coro e os cantores se saíram melhor do que em trabalhos anteriores. Talvez até pelo fato de todos estarem tendo a oportunidade de trabalhar mais vezes com ópera – talento é muito importante, mas experiência também é fundamental.

O maestro Alessandro Sangiorgi tem dito que o que mais pode fazer pela cidade com a orquestra é repassar sua experiência com óperas. E realmente conseguiu muitos avanços. O principal está no fato de ter realizado a retomada das produções. Mas a escolha do repertório e a condução também foram importantes para o bom andamento das últimas produções.

A parte cênica foi bem menos interessante do que a musical. A opção foi por uma montagem despojada, com figurinos supostamente atemporais e cenário quase vazio. Mas as roupas às vezes eram erradas, como no caso da personagem Elvira – que parecia sexy demais para alguém que vivia reclamando dos abusos de um sedutor. E a tentativa de romper com a "suspensão da descrença" serviu muito mais para cortar a emoção da história do que para garantir alguma inventividade.

Resumo da ópera: Don Giovanni foi provavelmente a melhor ópera do Guaíra em dez anos. Principalmente pela música de Mozart, bem tocada e bem cantada. Mas ainda é preciso mais tempo e dinheiro para que a parte cênica acompanhe a qualidade da música. GGG

Rogerio Waldrigues Galindo

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