O corpo do cantor e compositor Dorival Caymmi foi enterrado neste domingo (17), por volta de 15h50, no cemitério São João Batista, na Zona Sul do Rio.
O cortejo foi acompanhado por cerca de 200 pessoas, incluindo familiares - tais como seus três filhos, Dori, Nana e Danilo - fãs e amigos, como Gilberto Gil e Othon Bastos. O corpo foi aplaudido no momento do sepultamento.
Caymmi está enterrado no mesmo em que está o corpo da cantora Carmen Miranda. A portuguesa foi a mais famosa intérprete de um dos maiores sucessos de Caymmi: "O que é que a baiana tem". Na manhã deste domingo, um representante da Santa Casa de Misericórdia, responsável pelo cemitério, procurou a família de Caymmi para doar um espaço para construir um mausoléu para duas pessoas.
O corpo do cantor e compositor Dorival Caymmi deixou por volta das 14h50 a Câmara dos Vereadores, no Centro do Rio, onde foi velado desde a tarde de sábado (16). Mais de 700 pessoas passaram pelo velório do cantor.
Ao ser retirado do local, Caymmi recebeu aplausos da multidão presente e dos familiares, muito emocionados. O corpo do músico seguiu em carro aberto de bombeiros para o cemitério.
O músico Dori Caymmi, que mora nos EUA, chegou por volta das 10h deste domingo ao velório de seu pai e ficou junto dos irmãos Nana e Danilo. O momento mais emocionante foi quando começou a tocar as músicas de Caymmi pai. "Vai ser difícil cantar sem ele. Tive sorte muito grande de ter um pai já burra velha", disse Nana. "Vai o homem, mas a obra dele fica para sempre", completou Danilo.
Dorival Caymmi morreu na manhã de sábado (16), aos 94 anos, em sua casa, em Copacabana. Ele sofria de insuficiência renal e teve falência múltipla dos órgãos. Caymmi lutava contra um câncer renal desde 1999 e permanecia em internação domiciliar desde dezembro de 2007.O músico nasceu em Salvador, na Bahia, no dia 30 de abril de 1914. Ele deixa mais de cem composições, entre elas Eu não tenho onde morar, Maracangalha, O que é que a baiana tem? e Rosa Morena.
Além da família, amigos - como os também músicos Wagner Tiso e Daniela Mercury, Jorge Salomão, os escritores Gilberto Braga e Glória Perez - foram ao velório prestar as últimas homenagens. A secretária estadual de Assistência Social e Direitos Humanos, Benedita da Silva, e o marido, o ator Antônio Pitanga, que é baiano como Caymmi, disseram que a morte do compositor é uma perda para a cultura brasileira.
"Através de sua música e de sua sensibilidade, Caymmi projetou o Brasil para o mundo. Metade do Brasil, hoje, está chorando e sofrendo. Caymmi foi essa luz maravilhoso. Ver este corpo estendido dentro do caixão não dá para a gente se conformar. Dá uma sensação de impotência muito grande. Sabemos que ele vai ao encontro dos amigos, mas não dá para se conformar. Ele foi um grande exemplo, e deixa um grande e valioso recado", disse Pitanga, que foi complementado pela mulher: "É uma perda para a cultura brasileira."
O ator Milton Gonçalves disse que sempre foi muito amigo da família e que sempre esteve próximo do Dorival Caymmi. "Ele é um grande compositor, com aquele jeito baiano dele. Mas pelo que a família me falou, ele foi em paz, do jeito que ele queria. Mas a gente lamenta. Mais um bom brasileiro que vai. Um bom companheiro."
Já o produtor de e diretor de shows Carlos Miéle sintetizou em uma palavra o sentimento de todos: "Caymmi foi muito generoso com a música. Um lenda brasileira. Um buda baiano."
O sambista Nelson Sargento, ícone da Estação Primeira da Mangueira, prestigiou Caymmi. "Sinto saudade e falta do amigo. A relação dele com a Mangueira foi um casamento perfeito - dando o primeiro lugar, em 1986. Não era só um compositor de canções. adorava o mar e as pessoas. Era um exemplo de vida."
O também músico Marcos Valle, um dos precursores da Bossa Nova, disse que a calma e a tranqüilidade de Caymmi é muito difícil encontrar nos dias de hoje, era uma lição. "comecei ouvir o Caymmi desde garoto. Depois, comecei a ter contato com a família, com o Dori, freqüentava a casa dele. A malícia e a sensualidade da Bossa Nova veio tudo de Caymmi. A gente olhava para ele e via a Bahia, mas ele tinha uma paixão pelo Rio. acho que ele era metade baiano e metade carioca."
Família
O cantor era casado há 68 anos com a cantora Stella Maris e deixa três filhos, Dori, Nana e Danilo, também músicos, além de sete netos e cinco bisnetos.
"É uma perda irreparável. Ele fazia parte da vida de todos nós de forma marcante. Era uma pessoa admirável no convívio com a família. Um grande pai, um avô maravilhoso. Deixa um vazio muito grande", disse a neta Stella Caymmi, de 45 anos, filha de Nana Caymmi.
Stella é autora do livro "O mar e o tempo", biografia do compositor lançada em 2001. "Ele ficou muito feliz com o livro, gostava de relembrar. Era um homem de memória", afirma.
Luto
Por meio de nota oficial divulgada no sábado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silvadisse ter recebido com tristeza a notícia da morte do cantor. O Governo da Bahia decretou luto oficial de três dias.
O prefeito do Rio, Cesar Maia, anunciou homenagem a Caymmi, que vai dar nome a uma rua no bairro do Leblon, na Zona Sul do Rio.
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