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Claudia Minini interpreta uma mulher abandonada no altar | Elenize Dezgeniski/Divulgação
Claudia Minini interpreta uma mulher abandonada no altar| Foto: Elenize Dezgeniski/Divulgação

Agenda

Curitiba Vestida de Noiva

Teatro Barracão EnCena (R. Treze de Maio, 160), (41) 3223-5517. Quarta a domingo, às 20 horas. R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada). Até 20 de maio.

Quando as pesadas cortinas de veludo azul do Barracão EnCena se abrem, o espectador de Curitiba Vestida de Noiva vê um cenário branco que sugere claustrofobia. E no meio está realmente uma alma apertada, daquelas que, recebida a devida deixa, desfia uma trama intrincada sem parar.

A monocromia dá lugar, a seu tempo, a um festival de imagens em preto e branco projetadas sobre todo o cenário. Começa quando a protagonista, Amanda, narra seu 17 de junho de 1975, dia em que nevou em Curitiba. Ao contrário de todo o resto da cidade, ela fica irritada com a diversão que embala o município, atrasando seu percurso. Para ela, o importante era cumprir o roteiro de noiva, passando pelo salão Marly e pela casa da costureira Cotinha, desembocando na porta da Igreja Santa Teresinha. Ali, em vez de relaxar, ela é abandonada, uma decepção que a marcaria para sempre.

Quem lhe dá vida é Claudia Minini, que passeia por toda a história da personagem. São tantos acontecimentos que fica impossível não se identificar com algum.

Há o tratamento pós-traumático, quando ela é isolada numa chácara. Ali, recebe e tritura uma carta do noivo. Depois, se muda para Porto Alegre, onde dá aulas de dança incansavelmente; instala um estúdio na antiga casa da infância; vai viver nos EUA; conhece dezenas de imigrantes latinos, se junta com um homem com quem decide não ter filhos; e se depara com a necessidade de perdoar, muitos anos depois.

O texto é de Enéas Lour, que pela primeira vez dirige um monólogo. Um dos elementos que apoiam a cena é o vinho, associado à rememoração de Amanda, agora com 57 anos de puro sarcasmo.

Outra escolha interessante é um pequeno refrigerador no fundo do cenário. Além de proporcionar uma luz interessante quando aberto, ele funciona como um túnel da imaginação, entregando objetos diferentes a cada vez que é aberto. Dali saem auxílios para a memória, como sapatilhas de dança, ou frutos da idealização, como roupinhas de bebê.

Com a porta fechada, o eletrodoméstico também serve de suporte para projeções, em um momento em que a atriz contracena com Luiz Carlos Pazello em vídeo. Silvia Monteiro também está presente virtualmente.

No fim, o branco já está sujo de tanta vida, assim como a neve virou lama de tarde naquele dia de julho de 1975.

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