Drama sobre abuso infantil causa protesto em Sundance

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O drama sobre estupro de crianças, protagonizado pela estrela-mirim Dakota Fanning, está causando confusão no Festival de Sundance. Ou melhor, os manifestantes contra "Hounddog" estão fazendo barulho nas montanhas de Utah. Eles vão apelar ao departamento de Justiça do governo americano exigindo explicações sobre se a produção violou as leis contra a pornografia infantil.

O filme, dirigido por Deborah Kampmeier, gira em torno do estupro de Lewellyn (vivida por Dakota, de 12 anos) por um entregador de leite de 20 anos. O estupro é contado por recursos gráficos em uma seqüência de cinco minutos - e o presidente da Liga Católica, William Donahue, quer que o governo dos EUA investigue a produção. Deborah disse que as críticas contra a produção partem de quem não viu o filme. A atriz mirim também disse que "muitas falsidades" estão sendo ditas sobre "Hounddog".

Na cena de estupro aparecem na tela apenas o rosto, pescoço, ombros, pés e mãos da atriz. Boa parte é mostrada no escuro, apenas com o som dos gritos de Lewellyn.

Numa sessão de perguntas e respostas após a estréia do filme, foi perguntado à diretora se a cena foi editada, de modo que a filmagem teria sido diferente do que foi mostrado na tela.

- Não foi editada, então essa polêmica toda surpreende - respondeu Kampmeir.

Sundance é o mais importante festival de cinema dos EUA para filmes feitos fora dos grandes estúdios de Hollywood, e os filmes exibidos no festival frequentemente tratam de temas sombrios que os estúdios rejeitam.

Kampmeir disse que temas como o estupro infantil precisam ser discutidos em público.

- É um terror, mas, quando se fala sobre ele, surge um espaço para curar as feridas - disse a diretora.

Brasileiro

Exibido no último fim de semana no Festival de Sundance, em Park City, Utah, "O cheiro do ralo", do pernambucano Heitor Dhalia, vem dividindo a crítica estrangeira. A versão online da revista "Variety" afirma que o filme é "uma ácida e escatológica peça de teatro do absurdo que conquistará forte apoio da crítica e um considerável culto de seguidores".

Já o site Film Threat definiu o longa-metragem estrelado por Selton Mello como "uma bagunça dissonante, tão frustantemente ruim quanto corajosamente ambiciosa".

Sundance também exibiu dois documentários nacionais: "Acidente", dos mineiros, Cao Guimarães e Pablo Lobato, e "Manda bala", de Jason Kohn, filho de uma brasileira com um americano. O segundo mostra São Paulo como a capital brasileira do seqüestro e traz Jader Barbalho entre seus personagens.

Vendas

Vários contratos envolvendo filmes foram fechados quando o Festival de Cinema Sundance chegou à metade, nesta terça-feira. Muitos dos filmes estão à venda dentro do mercado de direitos de distribuição que acontece no festival. Após um começo lento, as vendas ganharam força.

A Fox Searchlight, pertencente ao estúdio 20th Century Fox, comprou dois filmes - "Waitress", com Keri Russell, e "Joshua", com Vera Farmiga - por respectivamente US$ 5 milhões e US$ 4 milhões, segundo informações.

A The Weinstein Company, de Harvey Weinstein, pagou cerca de US$ 4 milhões por "Grace is gone", com John Cusack, e a Warner Independent Pictures, pertencente à Warner Bros., adquiriu "Clubland", com Brenda Blethyn, por US$ 4 milhões.

Entre os documentários, os direitos de distribuição do elogiado "In the shadow of the moon", sobre as missões lunares das naves Apollo, foram comprados pela ThinkFilm. A Discovery Channel vai exibir o filme na televisão.

O festival de dez dias termina no domingo, após uma cerimônia em que serão entregues os prêmios de melhores filmes e cineastas.