Se alguém pudesse ser declarado "patrimônio da história do samba", Dona Ivone Lara certamente estaria entre os mais fortes candidatos ao título. Aos 84 anos, ela foi uma das primeiras mulheres a compor samba e está entre as mais influentes cantoras e autoras de música popular do país. Por isso, é uma honra para a cidade receber hoje o show de Dona Ivone e de sua banda exatamente no Dia do Samba, já instituído por lei e comemorado todo dia 2 de dezembro.
A apresentação de hoje à noite faz parte do projeto Sambacana, do Sesc da Esquina. Ontem, o teatro já recebeu a banda curitibana Maria Faceira. Hoje é a vez de Dona Ivone. E, amanhã, quem canta é Thereza Cristina, representante da nova geração de sambistas do Rio de Janeiro. Além desses, estão previstos shows à luz de velas na entrada do Sesc, com grupos como Ebubu Fulô, Ciro Morais e Carlos Doro durante quase todo o mês de dezembro.
Para Dona Ivone, o Dia do Samba é uma data especial. "Não se pode passar sem cantar samba", afirma ela. Na apresentação de Curitiba, ela promete um repertório variado, com músicas de seu novo disco, Sempre a Cantar, e com sucessos de sua carreira como compositora. Ela conta que, embora hoje seja reconhecida, já teve de ocultar no começo da carreira que era ela a autora das músicas que cantava. "Hoje não existe mais esse preconceito contra a mulher no samba, há várias moças cantando e compondo sem problema algum", conta ela.
A cantora diz que o samba é sua grande paixão, mas que também admira outros gêneros musicais. "Gosto de valsas, de música norte-americana", diz ela. Em mais de 30 anos de carreira como profissional, porém, ela conta que nunca teve oportunidade de gravar um disco com outro tipo de música.
Dona Ivone enxerga na nova geração uma prova de que o refrão da música estava mesmo certo. "O samba não vai morrer nunca", garante. Ela comenta que os novos talentos, vindos muitas vezes da faculdade, dão novo ânimo ao gênero. "Eu mesma tenho um neto formado na faculdade e que já está tocando bandolim, cavaquinho. O bom é que esse pessoal se dedica a descobrir as raízes da música, vai fundo", diz ela.
Herdeira
Thereza Cristina, atração de amanhã da série, em certo sentido é uma continuadora do trabalho de pioneiras como Dona Ivone. Embora não tenha tido de enfrentar o mesmo grau de preconceito, ela também se aventurou no território quase exclusivamente masculino da composição de sambas. Conseguiu firmar seu nome e hoje é tida como uma das mais importantes representantes de sua geração no mais popular estilo de música do pais.
Serviço: Série Sambacana. Sesc da Esquina (R. Visconde do Rio Branco, 969), (41) 3322-6500. Hoje, Dona Ivone Lara, às 21 horas. Amanhã, Thereza Cristina, às 21 horas. Ingressos a R$ 20 e R$ 10 (estudantes, idosos e comerciários).
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