Continuação supera expectativas e discute casamento
Annalice Del Vecchio
Achei que seria embaraçoso ver um filme como Sex and The City 2 ao lado de um homem. Logo no início da sessão, uma pré-estreia para jornalistas, contive minha emoção ao ver o closet abarrotado de peças estilosas do novo apartamento de Carrie Bradshaw (Sarah Jessica Parker). Afinal, não queria que meu amigo Guilherme Voitch, que escreve ao lado, me achasse boba.
Poucos minutos depois, já estávamos extasiados com as cenas nova-iorquinas e rindo muito com as quatro amigas no casamento gay de Stanford (Willie Garson) com o italiano durão Anthony (Mario Cantone). Afinal, não há como não se divertir ao ver Liza Minelli ministrando o cerimônia e interpretando o sucesso de Beyoncé "Single Lady (Put a Ring On It)" em um cenário com cisnes e pontezinhas brancas.
Se fosse o primeiro filme, certamente meu sorriso seria amarelo, mas Sex and the City 2 tem um timing mais parecido ao da série que originou as versões para o cinema. Talvez porque seja mais fácil criar cenas espertas e engraçadas após o famoso "sim" o primeiro longa, focado no casamento de Carrie com Mr. Big (Chris Noth), distanciou as personagens de sua condição de mulheres independentes e acabou se tornando mais uma comédia romântica ruim.
O que não significa que, casadas, as amigas estejam mais bem-resolvidas. A graça, aliás, é essa, em um filme que supera as expectativas ao discutir os problemas do casamento e o papel da mulher na sociedade sem nunca deixar lado sua faceta, ao menos para as mulheres, deliciosamente fashion. Carrie enfrenta o que chama de "terríveis dois anos de casada". Afinal, Mr. Big, quem diria, agora prefere o sofá às badalações. Miranda (Cynthia Nixon) enfrenta um chefe machista. Charlotte (Kristin Davis) anda enlouquecida com a difícil tarefa de ser mãe.
Uma viagem luxuosa a Abu Dhabi, no Marrocos, fará as amigas revisarem suas vidas enquanto fogem do machismo da sociedade árabe e se divertem com belos cenários, lindos mordomos e, no caso da solteira e sempre pronta para o ataque Samantha (Kim Cattrall), belos homens cujos glúteos à mostra irritaram um pouco meu companheiro de sessão. GG1/2
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Homens só devem ver o filme em último caso
Guilherme Voitch
Troque as doses industriais de cerveja, as drogas e as strippers por glamour, maquiagem e sapatos. Sex and the City 2 é a versão mulherzinha de Se Beber, Não Case. Lá estão um grupo de amigos ou amigas em um hotel. Las Vegas ou Abu Dhabi. Tanto faz. Nos dois casos, a distância de casa e o clima de festa de ambas as cidades leva homens e mulheres a fazer besteira. Num caso, rouba-se um tigre e casa-se com uma garota de programa. No outro, a mocinha casada beija um ex-namorado. Em ambos bate o arrependimento. Em ambos a "família" prevalece no final.
Amigo gay
Sex and the City é isso. Uma grande diversão com pipoca para que a mulherada leve a amiga solteira, o amigo gay e, em último caso, o namorado.
Sim, porque apesar de, no todo, a história ser perfeitamente compreensível, nos detalhes ela irrita os machos de plantão. No início, podemos até nos interessar por Samantha (ela valeria um convite para jantar, não?) ou considerarmos Charlotte como a esposa ideal ("Não posso perder a babá!"). Mas, em duas horas e pouco de filme, você é obrigado a pensar que faltou edição ou sobrou propaganda sobre celebridades, marcas e lojas.
Futilidade
Não há como escapar. As piadinhas giram em torno do complexo universo feminino e ele é algo um tanto distante e complicado para nós. Futilidade por futilidade, temos as nossas próprias: os melhores inferninhos, partidas antigas de futebol e solos de guitarra. GG
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