Dulce Pandolfi conversa sobre ditadura

O tema Ditadura Militar gera uma série de controvérsias e debates. Refletir sobre o assunto, por meio de leituras e conversas com convidados que viveram o período é pauta do projeto Zoom Cultural – Leituras da Ditadura, que recebe hoje a professora e pesquisadora da Fundação Getúlio Vargas, Dulce Pandolfi, que foi torturada quando era presa política, na década de 1970.

O debate, com mediação de Vera Karan, começa às 18 horas, no Centro Cultural Sesi Heitor Stockler de França, e tem entrada gratuita. O texto lido será O Milagre da Cela, de Jorge Andrade.

Esse é o segundo encontro da ação, que, em setembro, recebeu Zuenir Ventura. Ele leu Murro em Ponta de Faca, de Augusto Boal.

Segundo Dulce, a ideia é dar um panorama contextualizado da época. "Falarei também sobre o tratamento da Lei da Anistia e as diferentes percepções que existem sobre o período. Há quem diga que houve avanço econômico. Outros, que foi um período em que a desigualdade aumentou. São visões diversas", salienta.

A pesquisadora também trará para o debate temas recentes, como a Comissão da Verdade, criada para apurar as violações aos Direitos Humanos cometidas por agentes do estado ou pessoas a seu serviço entre 1946 e 1988. "Teve [a Comissão] um papel muito importante, apesar das críticas", acredita Dulce, que, inclusive, deu o seu depoimento para a Comissão.

Percepção

Sobre a visão do brasileiro em relação ao período, a pesquisadora explica que devemos levar em conta a nossa tradição – não há comparar o país com a Argentina, que lida com o tema de forma mais clara. "Cada país tem o seu processo histórico, a nossa tradição é muito complexa. Na Argentina, a justiça de transição avançou rapidamente. Aqui, 40 anos depois, a duras penas, o processo começou a caminhar", salienta.

No mês que vem, último encontro do projeto, a convidada é a cineasta Lucia Murat, que lerá Ponto de Partida, de Gianfrancesco Guarnieri.