“A dança da conexão”. É assim que os dançarinos EdyStyle Mocelin e Paula Hirano definem a Kizomba, ritmo de origem angolana a que se dedicam como pioneiros em Curitiba.
Vindos de outros estilos musicais, ambos se apaixonaram pelo caráter vibrante da vertente africana, e fundaram o grupo Kizomba CWB para disseminar o estilo e promover eventos como workshops e aulas de dança com nomes locais e nacionais.
Todo esse empenho rendeu frutos e, depois de vencer a etapa classificatória disputada no Rio de Janeiro – durante o evento Exalta Afro –, o casal vai representar o Brasil no AfricAdançar – 9ª Edição do Campeonato Internacional de Kizomba, que será disputado entre os dias 29 e 30 de abril e 1º de maio, em Lisboa.
Casal curitibano vai competir em Campeonato Internacional de Kizomba, em Lisboa
EdyStyle Mocelin e Paula Hirano são o segundo casal brasileiro a participar de uma das nove edições evento
+ VÍDEOSSegundo artigo publicado no site da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova Lisboa, o termo “Kizomba” deriva da variação linguística “Kimbundo”, que significa “festa”. Enquanto dança, tem sua origem em Luanda, aproximadamente na década de 80, e apresenta estrutura rítmica bastante semelhante ao zouk. Em sua base, verificam-se também elementos do “semba” – ritmo tipicamente angolano, que quer dizer “umbigada” –, além da “rebita” (nascida da mescla da Maringa, Kabetula, Kazukuta e Caduque).
Vale a pena mencionar o papel que ritmos latinos como o Tango, a Plena e o Merengue desempenharam para a caracterização do estilo. Todas essas influências contribuíram para delinear a Kizomba como um ritmo com passos altamente cadenciados, onde os parceiros executam passos fluidos e estabelecem bastante proximidade corporal. A dama ganha bastante destaque durante a apresentação, sendo a figura principal das “Kizombadas”.
No palco do Salão Preto e Prata, do Casino Estoril, os curitibanos vão enfrentar duplas vindas de 23 países – desde Austrália, Rússia, Singapura, entre outros – todos com coreografias próprias e inéditas, totalmente baseadas em ritmos africanos. Sobre o processo de criação da dupla, Edy explica: “Entre a eliminatória e a apresentação no campeonato, temos dez dias para criar um número totalmente novo, pois, segundo o regulamento da competição, não podemos usar a coreografia campeã da fase anterior. Temos que contemplar alguns elementos obrigatórios da Kizomba, e nos trinta segundos finais temos a liberdade de mesclar outros estilos, mas sempre com base em danças africanas”.
Está é a segunda vez que dançarinos brasileiros competem pelo título de campeões internacionais da disputa mais importante do gênero – e pelo prêmio de 3 mil euros (R$ 12,4 mil) –, os primeiros a alcançar o feito foram os brasilienses Samuel Paula e Thaís Maduro, que se apresentaram na edição de 2014 do AfricAdançar, sediada em Milão, na Itália.
Tão importante quanto se sagrar vitorioso porém, na visão de Paula Hirano, é criar em Curitiba uma cultura de apreciação da Kizomba. Segundo ela, o ritmo “é muito mais popular lá fora, principalmente na Europa. Mesmo projetando o nome da cidade, que está fora do eixo Rio-São Paulo, não nos sentimos valorizados aqui. Continuamos nosso trabalho por que somos teimosos [risos] e porque gostamos de nos sentir protagonistas no crescimento deste cenário em Curitiba e no Brasil”, reflete.
Paula Cavalcante, professora de dança e também praticante do estilo, aponta que “muitas pessoas veem essa dança com um certo preconceito no primeiro contato por se tratar de uma forma de expressão cultural um pouco diferente da nossa, além de ser bastante sensual e provocativa. Mas iniciativas como essa [a classificação do casal curitibano no campeonato] ajudam a desfazer essas barreiras”, comemora.
Apesar de ter conquistado o direito à participação no campeonato sem a necessidade de gasto com a inscrição, os bailarinos buscam patrocínio para custeio de despesas com alimentação e estadia em Lisboa durante os dias do concurso.
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