Biografia
Conheça alguns fatos da vida do cartunista, humorista e escritor Henrique de Souza Filho, o Henfil:
Nasce em 1944 em Ribeirão das Neves (MG). Cresce e estuda em Belo Horizonte.
Estreia como chargista em 1964.
Em 1967, muda-se para o Rio de Janeiro e fez charges esportivas para o Jornal dos Sports e colabora com as revistas Visão, Realidade e O Cruzeiro.
A partir de 1969, desenha para o semanário Pasquim e para o Jornal do Brasil.
Seus cartuns e charges satirizam instituições e fazem crítica à política. Seus personagens mais conhecidos são Os Fradinhos, o Capitão Zeferino, a Graúna, o Bode Orelana e Ubaldo, o Paranóico.
Em 1975, muda-se para Nova York para fazer um tratamento de saúde e escreve o livro Diário de um Cucaracha.
De 1977 a 1980, Henfil torna-se colunista e cartunista da revista IstoÉ, e escreve as Cartas da Mãe, reunidas posteriormente em livro (1986).
Nesta época, engaja-se na luta pelo fim do regime militar, pela Anistia e pelas Diretas e participa da criação do Partido dos Trabalhadores (PT).
Hemofílico, assim como seus irmãos, Henfil foi contaminado pelo vírus HIV durante uma transfusão de sangue.
Morre no Rio de Janeiro, em 1988.
Em tempos de ânimos políticos acirrados e discussões sobre os limites do humor e da liberdade de expressão, a opinião de Henrique de Souza Filho, o Henfil (1944-1988) não pode ser desconsiderada. A Editora Kuarup acaba de relançar o livro Como se faz Humor Politico 30 anos depois da primeira edição.
A obra é a transcrição de uma longa entrevista concedida ao jornalista Tárik de Souza, que continua pertinente ao momento político atual.
No prefácio da obra, o escritor Sérgio Augusto faz esta indagação: "O que estaria fazendo o inquieto Henfil se vivesse setentão no Brasil de hoje, no gozo de suas faculdades físicas e mentais?" Boa pergunta.
Considerado o mais brilhante cartunista de sua fértil geração, Henfil dá várias pistas neste livro-entrevista que acabou sendo o ultimo que publicou em vida. O volume foi uma encomenda do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), que solicitou a editora Vozes, que publicava Henfil, um livro com o título "Como se faz humor político", para integrar a Coleção Fazer.
No auge da carreira e envolvido até o pescoço com a campanha das Diretas Já, Henfil, ao invés de redigir o texto, convidou o jornalista e amigo Tárik de Souza para entrevistá-lo.
"Gravador ligado, o que rola neste livro é quase um improviso jazzístico. Não houve pauta, nem quaisquer perguntas combinadas previamente. Saímos tabelando sem deixar a bola cair até o final. O trabalho de edição foi mínimo: o que saiu do gravador já era o livro", explica Tárik.
O jornalista disse que não se surpreendeu com a atualidade do pensamento de Henfil, sobre política, imprensa e liberdade. "Ainda denso e pertinente. Em parte, porque mudam os nomes, circunstâncias e as mazelas continuam suplantando as virtudes humanas. Mas na maior parte, porque o Henfil é craque. E soa atemporal", diz Tárik.
Incorreto
Henfil talvez tenha sido o mais politizado da fértil geração de cartunistas da qual fez parte. Seu traço rápido, as críticas mordazes e o sarcasmo deliciosamente impróprio desafiaram a censura do regime militar e influenciaram a vida política e social do país nos anos 1970 e 1980. Henfil participou ativamente de movimentos importantes como a Anistia e também foi o criador do bordão e do slogan do movimento Diretas Já, que clamava por eleições diretas para a Presidência da República em 1984.
No livro, Henfil fala de se sua relação com o leitor e com seus empregadores, defende que todo humor precisa ser político e que é impossível fazer humor partidário ou panfletário. "Você pode criar um personagem para defender determinada ideia, mas, como você precisa da parceria do leitor, pode o veneno virar remédio, e vice versa", teoriza.
No final da apresentação, Sérgio Augusto conclui que Henfil provavelmente estaria "atirando em todas as direções, testando as mídias disponíveis e talvez confinado a um próprio site de internet onde pudesse dar vazão a seu humor malicioso, anárquico e politicamente incorreto para os dias de hoje". Boa resposta.
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