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A exemplo de países como EUA, Japão, Austrália e a Europa, que encontraram na venda on-line de músicas um forte aliado no combate à pirataria e ao compartilhamento ilegal de arquivos pela internet, o mercado brasileiro de lojas virtuais de canções em formato digital vem, aos poucos, dando sinais de crescimento.

Visto que os brasileiros não têm acesso às principais lojas mundiais de venda de músicas, como o iTunes e Napster – os serviços teriam de obedecer à legislação de direitos autorais nacional, que exige a obtenção de uma autorização de todos os envolvidos no processo de produção de cada uma das canções –, empresas brasileiras como a holding IdeasNet e o provedor UOL lançaram os primeiros sites onde o usuário pode comprar, baixar e gravar músicas iMusica e UOL Megastore, respectivamente.

Com catálogos semelhantes, ambas as lojas correm contra o tempo para vencer a burocracia que envolve a liberação dos direitos dos fonogramas para disponibilizar ao público o maior número de canções possível. "Fechamos com todas as grandes gravadoras que trabalham no mercado brasileiro, mas ainda não temos os catálogos de todas elas disponíveis no ar. Nossa meta é ter acima de 500 mil faixas no acervo até o fim do ano. Mas, do jeito que está indo, acho que conseguimos isso até setembro ou outubro", comemora Jan Fjeld, gerente da UOL Megastore, inaugurada há exatamente 18 dias.

O sistema de funcionamento das lojas é parecido: o usuário compra uma determinada quantia de créditos, que podem ser pagos através de cartão de crédito ou boleto bancário, de onde são descontados os valores das músicas escolhidas no acervo. O preço, definido pelas gravadoras, vai de R$ 0,99 a R$ 2,99 no iMusica e tem valor inicial de R$ 2,90 na UOL Megastore.

Apesar de justo quando comparado ao preço de US$ 0,99 cobrado pelas canções à venda no iTunes – quantia correspondente a R$ 2,17, aproximadamente –, o valor estipulado pelas duas lojas brasileiras, em muitos casos, acaba saindo mais caro para o usuário. Um exemplo é o mais recente álbum da banda irlandesa U2, uma das mais baixadas durante os primeiros dias de funcionamento da UOL Megastore. Para baixar o disco How to Dismantle an Atomic Bomb, composto por 11 músicas, gasta-se o equivalente a R$ 31,90 (R$ 2,90 por faixa). Porém, o mesmo álbum em formato CD custa R$ 31,40 no site da loja Fnac, com caixinha e encarte com as letras das canções.

De acordo com Fjeld, há gravadoras como a Deckdisc que até fazem questão de que os preços das músicas de seus artistas não ultrapassem a quantia de R$ 1,99. Mesmo assim, para baixar o álbum Acústico MTV, da banda Ultraje a Rigor, lançado pela gravadora, o usuário da UOL Megastore gasta R$ 39,80 (20 faixas, a R$ 1,99 cada), enquanto que o mesmo disco, em formato físico, é vendido por R$ 15,90 no site Submarino.

Apesar de promissor, o mercado de venda de músicas on-line brasileiro parece já sofrer com um problema que há muitos anos vem tornando a situação cada vez mais complicada no cenário musical nacional: a falta de visão das gravadoras. Se o objetivo é vender canções na internet para evitar a pirataria, é bom que os preços sejam mais atrativos – não só que os das lojas, mas que os dos camelôs e vendedores ambulantes.

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