São significativas as ligações de Ed Motta com Rita Lee. Os dois maiores sucessos recentes dançantes do cantor foram "Fora da Lei" e "Colombina", ambas compostas em parceria com a ex-mutante e cantadas por ele num tributo a ela na semana passada. No novo álbum, "Piquenique" (Trama), que tem lançamento previsto para o dia 20, a dupla retoma a parceria na faixa "Nefertite". As demais são de Motta com sua mulher, Edna Lopes.
Curiosamente, o título do CD de Motta coincide com o da turnê comemorativa dos 40 anos de carreira de Rita, realizada em 2008: Picnic. Motta se surpreende com a coincidência: "Agora achei mais interessante ainda, porque quando eu e Edna começamos a fazer as canções, por pura brincadeira, o tempo inteiro quem era citado como nossa referência era Rita e Roberto (de Carvalho)".
Não só no quesito dançante, essas influências aparecem nas letras da faixa-título, de "A Turma da Pilantragem" (em que Motta divide os vocais com Maria Rita), como ele próprio reconhece, "no humor do texto, na maneira de brincar com as palavras". "Pé na Jaca", que tem participação do ex-mutante Liminha tocando baixo elétrico, é outra que tem essas características. Rita, porém, não é a única referência dançante do álbum. Há muito de soul, funk, disco music setentista, que vem de uma escola de música negra americana. Desde 1999 - quando gravou "As Segundas Intenções do Manual Prático" - Motta não realizava um álbum tão pop, alegre e dançante.
Músico de talentos múltiplos, Motta usou nas gravações diversos tipos de teclados tradicionais e virtuais. Também tocou piano, baixo, guitarra, violão, percussão, fez programação de bateria, criou efeitos e até utilizou um mellotron virtual em "Compromisso". Tudo para alcançar "a perfeição em cima do mundo acústico, da sonoridade real dos instrumentos". Como atrasou o lançamento do CD - que deve ganhar edição em vinil, formato que ele cultua -, os shows não têm data prevista.
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