O setor editorial estuda o exemplo das gravadoras para combater a pirataria e tornar lucrativa a música digital, mas os chamados e-books devem acrescentar valor ao setor sem substituir os livros impressos, avaliam especialistas.
Em meio à crise econômica global, as editoras tentam lidar com a crescente demanda por conteúdo digital proporcionada por avanços tecnológicos como as plataformas de leitura digital Kindle, da Amazon.com, e Reader, da Sony.
Mas elas estão tirando lições com o exemplo das gravadoras, que viram uma mudança do público para a música digital em detrimento das vendas físicas. Os selos entraram com incontáveis processos para combater os espaços de distribuição livre de músicas ao mesmo tempo em que tentam lucrar com a distribuição digital de canções.
"Nosso objetivo não é criticar o setor de música... mas eles realmente erraram tudo", disse Andrew Albanese, editor da Publisher's Weekly, em um painel de discussões na recente Book Expo America, em Nova York.
Chris Anderson, editor-chefe da revista Wired, afirmou no painel que a Internet quebrou o modelo tradicional de distribuição física de músicas e que a mesma coisa está acontecendo agora com o mercado editorial.
Ele acrescentou, no entanto, que, se a popularidade do formato MP3 é acompanhada por uma rejeição do público aos CDs, "a diferença é que não há nada de errado com os livros". "O livro não é um meio que retira valor, e sim um meio com valor agregado."
"Ao longo do tempo (os e-books) tendem a aumentar e colaborar com o sucesso do livro, em vez de substituí-lo", acrescentou.
Enquanto o setor de música brigou na Justiça com espaços de distribuição livre de canções como o Napster e o Kazaa, Jared Friedman, cofundador da página de publicação social Scribd, se diz otimista com a transição no setor editorial.
"Parece que nós vamos diretamente de um modelo Adams para um modelo iTunes, pulando os vários anos de Napster e Kazaa que o setor musical teve no meio", avaliou.
A loja virtual iTunes, da Apple, domina as vendas de música digital, mas Friedman afirmou que é importante que as editoras encorajem um modelo de mercado mais competitivo.
"Está claro agora que haverá demanda suficiente para livros distribuídos digitalmente, que haverá um mecanismo digital de distribuição de livros", disse. "Se nós conduzirmos corretamente a transição, o modelo eletrônico pode até render mais que o modelo impresso."
Mas o executivo-chefe da Penguin USA, David Shanks, e a presidente, Susan Kennedy, ainda estão atentos à pirataria de livros digitais. A Penguin é de propriedade do grupo editorial britânico Pearson.
"O que mais nos assusta é a noção de algumas pessoas de que tudo deveria ser grátis", disse Kennedy à Reuters na Book Expo.
Shanks acrescentou: "O setor ainda sente que precisa de algum tipo de gestão de direitos digitais".
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