O tortuoso amadurecimento de dois garotos na década de 1960, pano de fundo para retratar anos de tortura, é o ponto de partida de Se Eu Fechar os Olhos Agora (Record), livro anunciado hoje como o melhor romance do 52.º Prêmio Jabuti. Seu autor, o também jornalista Edney Silvestre, receberá R$ 3 mil. "Estou exultante, especialmente pela qualidade de meus concorrentes", comentou à reportagem.
De fato, sua obra venceu Leite Derramado (Companhia das Letras), de Chico Buarque, e Os Espiões (Objetiva), de Luis Fernando Verissimo, respectivamente segundo e terceiro colocados na categoria.
Silvestre, assim como os ganhadores das outras 20 categorias, vai receber o troféu na cerimônia de premiação marcada para 4 de novembro, na Sala São Paulo. Nesse dia, sua coleção poderá aumentar, pois serão anunciados o melhor livro do ano de ficção e o de não-ficção, os prêmios máximos do Jabuti cada vencedor recebe R$ 30 mil, além de mais uma estatueta dourada. O escritor já ostenta uma importante conquista: em agosto, Se Eu Fechar os Olhos Agora foi eleito o melhor romance estreante de 2009 do Prêmio São Paulo de Literatura, honraria que lhe valeu, além de um troféu, um cheque de R$ 200 mil. "Desde aquela época, venho buscando explicações para o sucesso do livro", conta Silvestre. "Afinal, não se trata de um relato histórico, nem policial, ou mesmo de um romance de formação, mas contém ingredientes de todos esses gêneros."
O livro mostra como, em abril de 1961, dois meninos de 12 anos, que vivem em pequena cidade da antiga zona do café fluminense, encontram o corpo mutilado de uma mulher às margens de um lago. Como a explicação oficial do crime, que incrimina o marido, dentista da cidade, motivado por ciúme, não convence, eles iniciam sua própria investigação, ajudados por um velho que mora no asilo da cidade na verdade, um ex-preso político da ditadura Vargas.
"Muitas dúvidas me surgiram quando escrevia o romance, mas era movido pela certeza de que deveria tratar da nossa realidade", comenta o escritor. "Sinto uma certa indisposição de uma parcela dos autores nacionais em tratar de temas atuais, o que me incomoda, pois não podemos (nem devemos) esquecer assuntos como a ditadura militar ou mesmo de que estamos prestes a eleger um novo presidente."
O próximo livro, segundo Silvestre, está em gestação, mas levará ao menos cinco anos até ser publicado. Nas outras categorias do Jabuti, Marina Colasanti venceu em poesia com o livro Passageira em Trânsito (Record), enquanto em contos e crônicas o troféu ficará com Eu Perguntei pro Velho Se Ele Queria Morrer (E Outras Histórias de Amor), de José Rezende, publicado pela 7Letras.
Entre as biografias, houve um empate Nem Vem Que Não Tem A Vida e o Veneno de Wilson Simonal (Editora Globo), de Ricardo Alexandre, terminou em primeiro, enquanto a segunda colocação foi dividida entre Euclides da Cunha: uma Odisseia nos Trópicos (Ateliê Editorial), de Frederic Amory, e Padre Cícero Poder, Fé e Guerra no Sertão (Companhia das Letras), de Lira Neto. Em terceiro, ficou Bendito Maldito - Uma Biografia de Plínio Marcos (Leya), de Oswaldo Mendes. Cronista do jornal O Estado de S.Paulo, Maria Rita Kehl venceu na categoria educação, psicologia e psicanálise com O Tempo e o Cão (Boitempo Editorial).
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