"Ser capa da 'Playboy' abre muitas portas". A frase estampada num dos cartazes da festa em comemoração pelos 30 anos da revista "Playboy" brasileira pode até ser verdade. Quando a modelo, atriz ou seja lá o que for sai na capa da publicação masculina, ela chega ao auge: chovem convites para trabalhos e o reconhecimento é nítido. Sem falar no ego de ser "a mulher mais desejada do Brasil". Mas o que faltou ser adicionado a tal percepção seria: isso é efêmero.
Na noite de ontem, segunda-feira, o tapete estendido na entrada do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro foi passarela de muitas contradições. De um lado, estrelas que até hoje brilham, como as atrizes Suzana Vieira e Christiane Torloni. Do outro, a ex-BBB Thaís e a surfista Dominique Scudera. Lembra? As ex-garotas da capa remetiam todos à estrela da noite - e do mês de agosto da revista -, a também ex-BBB Grazielli Massafera.
- Tem que existir mesmo esse pessoal novo, senão fica só a gente das novelas! Vim para me mostrar, mas não estou aqui para ser convidada para sair na "Playboy" - brincou Suzana Vieira, que mostrou tudo na revista em 1975 e 1984.
- Naquela época se pagava pouco. O que contava era a performance.
Atualmente, os cachês astronômicos pesam muito mais na balança. Diana Bouth que o diga. A apresentadora do SporTV declarou em alto e bom tom que não é nada agradável mostrar tudo. Mas vale pela parte financeira.
- Quem fala que está posando nua sem levar em conta a grana está sendo hipócrita. É claro que conta muito. Mas também é uma revista que não desvaloriza a mulher. Não sou gostosona e não vivo para isso - avalia a morena, que estampou a edição de junho da "Playboy".
Enquanto os flashes pipocavam quando chegavam as dançarinas do "Caldeirão do Huck" Sandrinha e Dani Bananinha, que já também foram clicadas para revista, muitas playmates passavam despercebidas. Terezinha Sodré passou ao largo do batalhão de fotógrafos.
- A gente tem que pegar tudo na hora, porque as coisas passam. Isso passou, eu posei nua e 87 e 92. Fiz muito sucesso e fiquei mal quando isso acabou. Tudo não passa de uma ilusão - sentencia ela.
A cada minuto, mais playmates de todas as épocas iam chegando: Isabel Fillardis, Kelly Key, Núbia Ólive, Nana Gouveia, Sylvia Bandeira, Ísis de Oliveira. Elas se olhavam no outdoor com todas as capas dos últimos 30 anos. Umas riam. Outras não conseguiam esconder o saudosismo. E havia ainda aquelas que mostravam certa vergonha.
- Fiz isso antes de ter filho, era solteira e queria me testar. Até hoje tenho muitos pudores, mesmo na minha profissão - confessou Fillardis, sendo completada por Kelly Key:
- Gosto de dizer que você pode fazer tudo por dinheiro, contanto que não seja roubar, matar ou se prostituir.
Flashes à parte, às 23h30m um helicóptero se aproxima. Foi o suficiente para que todos os fotógrafos presentes começassem o alvoroço. Corre daqui, grita dali. Grazielli desce da nave, entra num carrinho - daqueles de shopping center - e acena para fãs e mendigos que estão atrás das grades que separavam o evento do jardim. A imprensa se excede e a confusão se torna exagerada. Empurrões, gritos, berros.
A menina que se tornou uma das maiores celebridades do país depois de participar da quinta versão do reality show "Big Brother Brasil", experimenta, mais uma vez, a fama sem limites. No palco montado à sua espera, sorrindo para todos num vestido Armani comportado, Grazi senta e demonstra estar estupefata.
- Nunca imaginei que isso pudesse acontecer comigo - diz ela baixinho para uma assessora. Os olhos de Grazi brilham, enquanto, lá no fundo, um das playmates esquecidas revive, de certa forma, aquele momento. Apenas no seu pensamento.
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