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Família que perde unida, permanece unida. É mais ou menos esse o mote da comédia Pequena Miss Sunshine, surpresa da temporada 2006 que estréia hoje em Curitiba (com um certo atraso em relação às outras capitais consideradas "grandes"). Road movie sobre um grupo de personagens disfuncionais, a produção independente fez sucesso no festival de Sundance e foi comprada pela gigante Fox, que já faturou quase dez vezes o orçamento do longa nas bilheterias.

Trata-se de um caso típico de filme "alternativo-corporativo": tem cara de cult, mas dialoga com todas as platéias. Não à toa, está cotadíssimo para o Oscar 2007 de roteiro original (há quem aposte também na indicação para melhor filme).

Dirigido pela dupla Jonathan Dayton e Valerie Faris, famosa no circuito dos videoclipes, Pequena Miss Sunshine é mais um longa a narrar a saga de perdedores em busca de dignidade – tema de nove entre dez produções do cinema alternativo americano. O foco, desta vez, é uma família inteira de desajustados, os Hoover, falidos em todos os sentidos.

Richard (Greg Kinnear, de Melhor Impossível) fracassou como autor de livros de auto-ajuda (uma das melhores ironias do filme). Sheryl (Toni Collette, de O Sexto Sentido), sua mulher, faz das tripas coração para manter a casa em ordem. Olive (Abigail Breslin, de Sinais), a filha do casal, é gordinha e atrapalhada, mas sonha em ser miss. Dwayne (Paul Dano, de Show de Vizinha), filho apenas de Sheryl, simplesmente se recusa a falar. Edwin (Alan Arkin, de Gattaca), o avô, não consegue superar o vício da heroína. E Frank (Steve Carell, de O Virgem de 40 Anos) é um professor universitário com tendências suicidas.

A bordo de uma Kombi amarelo-ovo e caindo aos pedaços, eles viajam do Novo México à Califórnia para que Olive participe de um concurso de beleza infantil. Durante o trajeto, são obrigados a se aturar e enfrentar percalços variados, inclusive a morte de um deles no meio do caminho (momento em que o filme ganha contornos de humor negro). Um enredo simples, como se percebe, que ganha força na tela graças à humanidade dos personagens.

Párias em um mundo que, por si só, já é um concurso de beleza (como bem compara Dwayne), os Hoover chegam ao fim da jornada sem necessariamente encontrar a redenção. Mas se vêem mais unidos do que nunca e, o mais importante, à vontade com suas imperfeições. GGG

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