“Recatada e do lar é o #*@$#... Minha linguagem é outra, sou da rua, trabalhadeira, sou do mundo, sou do meio povo”, afirma a cantora Elza Soares.
Aos 78 anos, a cantora chega a Curitiba nesta sexta-feira (6) para uma única apresentação do show “A Mulher do Fim do Mundo”, às 21 horas, no Teatro Guaíra, dizendo ser a voz “dos negros, dos gays e das mulheres. Quero fazer barulho e quero o eco de vocês”, convoca.
Elza vem com a mala cheia dos mais importantes prêmios da indústria fonográfica do país por conta do álbum - homônimo do concerto – lançado no ano passado.
“Estes prêmios não são balela, são um reconhecimento: ganha quem merece e a gente vai lá buscar. O mais importante, porém, é que o povo goste.”
Encontro de gerações
Primeiro álbum só de canções inéditas nos mais de 60 anos de carreira da cantora, o disco foi uma parceria da cantora com os nomes de maior destaque de uma nova geração de músicos e compositores paulistanos.
Sentada em um trono metálico em meio a um cenário cercado por mil sacos plásticos de lixo preto, Elza contracena com o grupo Bixiga 70 e com uma banda de mais de 15 músicos liderados pelo produtor Guilherme Kastrup.
“O show é um escândalo. É difícil até de explicar. É uma coisa muito visual. Para ver e ouvir.”
Elza ainda se recupera de uma cirurgia na coluna a que se submeteu no ano passado, mas afirma que a condição não atrapalha o desempenho no show. Ela se prepara para um turnê na Europa que vai durar até o começo de 2017.
“Este disco é um trabalho forte que não se esgota. Cada vez que você ouve é diferente” , diz.
Elza comenta ainda o cenário político brasileiro e afirma que teme uma onda de conservadorismo. “Estou com medo do Brasil. Retroceder jamais. O povo tem que estar acordado, não podemos dormir. As pessoas tem o direito de ser como quiserem. Nós, artistas, precisamos manter o povo aceso”.
Serviço
Elza Soares em Curitiba
Guairão (R. Conselheiro Laurindo, s/nº – Centro), (41) 3304-7982. Sexta-feira (6), às 21h. Os ingressos variam de R$ 76 a R$ 306
Figurino
A cantora se apresenta com um vestido criado pelo estilista curitibano Alexandre Linhares, da Heroína. Alexandre e Elza trabalham juntos desde “Elza Canta e Chora Lupicínio”, espetáculo anterior da artista. Para o novo espetáculo, Linhares assina o macacão preto de vinil com correntes e chifres no ombro. “Ficou um arraso”, elogia Elza. “O Alexandre é demais: uma gracinha, educado e talentoso.”
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