Pela teledramaturgia corre uma seiva vital que por vezes se torna seu veneno: a ideia de que a cada trama, novos rostos têm de aparecer na tela numa eterna busca por renovação. Não sei se foi o gênero que mudou ou se nós ficamos mais exigentes. Fato é que está difícil de engolir a nova safra de mocinhas das novelas. Um bom exemplo é Passione.
Tradicionalmente, as tramas das 21 horas são as que reúnem o elenco de maior peso, um misto de atores consagrados com revelações. No que toca aos veteranos, a novela vai bem, muito embora com ajustes a fazer: Fernanda Montenegro num papel excessivamente pesado, Francisco Cuoco, que ainda não encontrou o tom do personagem, e o versátil Tony Ramos, que faz qualquer papel na tevê com os pés nas costas dizem que na próxima novela ele será um chinês (brincadeirinha!). E tem também a perua paulistana de Irene Ravache, cuja verve cômica vem se revelando a cada capítulo.
Já o elenco jovem pena com a falta de personalidade da novela, que, já avançada nos capítulos, deixa muitos fios soltos. O casal Tony Ramos e Mariana Ximenes é, de longe, o mais esquisito e improvável dos últimos tempos. Miúda e com uma voz vacilante, ela não consegue convencer como a vilã Clara deveria continuar estagiando como mocinha por mais algumas novelas. Já houve até enquete para saber se Clara deve "ficar boazinha", prova de que o personagem não está dando certo.
Já Carolina Dieckmann corre o risco de ficar com o troféu Bahuan desta novela. Bahuan era o personagem de Marcio Garcia que, de tão insosso, perdeu o posto de protagonista para Rodrigo Lombardi em Caminho das Índias. A bela atriz carioca não consegue dar consistência a sua personagem: não dá para saber quando Diana está triste ou alegre, enamorada ou desconfiada. Aquele sorrizinho meio chorando é o sinal de que está na hora de pegar o controle remoto. Ai, que saudade da Regina Duarte...
Carolina Dieckmann é tão fraca que pode, inclusive, ser ofuscada por Mayana Moura (Melina), modelo estreante em novelas. Mayana não é nenhuma Betty Lago (para citar outra modelo-atriz). Quando Melina surgiu dava a impressão de que seria uma femme fatale, com aquele figurino ultra sexy e o corte chanel negro, impecável. Bastou uma semana para se mostrar uma patricinha desocupada, ciumenta e vulnerável, com uma paixão não correspondida por Mauro (Rodrigo Lombardi). Lombardi, afinal, é o único que deve realmente ensaiar o papel diante do espelho tem consciência de seu poder de sedução e encarna o galã com conhecimento de causa.
Um pouco estrábico e com nariz adunco, não é o modelo de mocinho preferido pela Globo, mas anda incendiando a audiência feminina do horário nobre. Quando ele está em cena com alguma pretendente é melhor tirar as crianças da sala.
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