Raul Seixas, O Terço, Alceu Valença, Geraldo Azevedo e Ângela Maria estão entre os artistas com títulos relançados pela Microservice| Foto: Reprodução

Ao fechar as portas, em meados dos anos 90, a gravadora Copacabana Discos, do Rio de Janeiro, deixava um extenso patrimônio musical, acumulado desde a sua criação, em 1948. Pérolas como a discografia completa da cantora Elizeth Cardoso (1920-1990) e 25 anos de carreira de Inezita Barroso estavam "na geladeira" desde que o catálogo fora adquirido pela distribuidora ABW e, posteriormente, pela EMI Music. Mirando na rabeira do mercado físico de CDs, que tem um importante nicho de consumidores interessados em reedições e recuperações de acervo, a empresa Microservice adquiriu o licenciamento do arquivo fonográfico até 2012.

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Artistas como Benito Di Paula, Chitãozinho e Xoroxó, Dolores Duran, Jackson do Pandeiro, João Gilberto, Leci Brandão, Luiz Gonzaga, Maysa, Wilson Simonal e Vânia Bastos – todos integrantes do arquivo de 400 títulos da Copacabana – podem ter obras relançadas pela empresa, que conta com uma equipe de consultores, entre jornalistas, produtores e pesquisadores. Entre julho e agosto de 2011, foram postos no mercado, além de coletâneas como O Mundo É um Moinho, de Cartola, os discos Quadrafônico, de Alceu Valença e Geraldo Azevedo, Meu Samba, Minha Vida, de Cyro Monteiro, e O Suburbano, de Almir Guineto. Foram lançadas edições duplas na série "Bilogia", que junta dois discos consecutivos de Raul Seixas, da banda O Terço e do sambista Roberto Silva. Pela série "Idea", que reúne gravações em coletâneas conceituais, foi lançado Ângela Popular Brasileira, que traz 28 músicas de Ângela Maria. Também chegou às lojas a coletânea Gretchen: Charme, Talento e Gostosura, que integrava o eclético acervo da Copacabana.

Negócio viável

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De acordo com a gerente de produto da Microservice Sales And Distribution, Adriana Ramos, apesar da queda nas vendas de CDs decorrente da popularização da internet, o mercado físico ainda é um negócio viável – e o relançamento e a recuperação de originais têm boa aceitação. "Fazemos isso pensando no consumidor que conhece música. São pessoas que gostam e compram porque querem ter no formato físico – como um livro. Então, querem informação e contextualização", diz Adriana, que compara o projeto a um trabalho de garimpagem, que busca masterizações originais e recorre a colecionadores. "Os números estão confirmando que existe mercado. Não é o que era antes, mas é negócio", diz.