O cravista Nicolau de Figueiredo: instrumentos de época| Foto: Divulgação

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Alberto Kanji executará os trechos de violoncelo
Marília, soprano curitibana com carreira europeia: retorno às raízes
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Com o dólar caro como está, o jeito é viajar no tempo por aqui mesmo. Essa é a proposta do concerto Amor Hai Vinto, que recupera, de hoje a quinta-feira, na Capela Santa Maria, a estética da música barroca de Antonio Vivaldi (1678-1741) e Domenico Scarlatti (1685-1757) tal como era tocada na primeira metade do século 18. A programação ganha ainda mais apelo por incluir cantatas raras de Vivaldi: La Farfalletta S’aggira al Lume, Amor Hai Vinto, Indarno Cerca la Tortorella e Par Che Tardo (veja o serviço completo no Guia Gazeta do Povo).

Quem escolheu o programa do concerto foi a soprano Marília Vargas, cantora curitibana que bateu asas faz tempo rumo à Europa. "Ouso dizer que é uma das primeiras vezes que esse repertório será executado no Brasil", contou à Gazeta do Povo. Ela cantou no país as árias e recitativos de Vivaldi somente em duas ocasiões, em Belo Horizonte e Ouro Preto, em 2005.

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Para atuar a seu lado, Marília convidou o cravista Nicolau de Figueiredo, original de São Paulo, com carreira em Paris, e o violoncelista Alberto Kanji. As sonatas de Scarlatti serão executadas como solo por Figueiredo, que já gravou em disco esse repertório e é o que pode se considerar um artista "pop" na música clássica, dado o número de fãs.

De época

Os instrumentos usados são o mais fiéis possíveis ao barroco de Vivaldi e Scarlatti, o que pode ser facilmente visto no violoncelo, apoiado nas pernas do músico, e não por um espigão de metal. Também na execução, pode-se perceber opções estéticas diversas das usadas hoje. "A técnica é uma só, mas a música antiga é muito aguda, e o vibrato [a vibração da voz] é usado com mais moderação do que no romantismo, quando passou a ser usado o tempo inteiro", explica Marília.

Não por acaso, a caricatura que ilustra o programa mostra Marília em Curitiba com uma gôndola veneziana cortando o Paço da Liberdade e a Ópera de Arame (foto 3). Vivaldi viveu e Scarlatti passou por Veneza, meca da música à época e palco do surgimento das primeiras divas do canto lírico.