| Foto: Antônio More/ Gazeta do Povo

Linha de frente

Com quase duas décadas de estrada, DJ Leozinho atua hoje em três projetos diferentes, com sonoridades variadas:

Life Is a Loop

Formado no final da década de 1990 em Curitiba, o projeto inovou ao colocar lado a lado um DJ e um percussionista na criação de sets de música eletrônica. Com Leozinho e o Fabrício Peçanha nas picapes e Rodrigo Paciornik na percussão, o Life Is a Loop envolve sete pessoas e uma estrutura para grandes festivais. O projeto se apresentou na última edição do Rock in Rio e em 2012 gravou seu primeiro álbum autoral.

Leo e Pana

É a versão "intimista" do Life Is a Loop, que celebra 16 anos de parceria de Leozinho com o percussionista curitibano Rodrigo Paciornik. "No Life Is a Loop fazemos um som mais pop, para festas maiores. Aqui nós podemos tocar algo mais underground, mais próximo do que sempre gostamos de fazer e ouvir", explica Leozinho. O projeto Leo e Pana se apresenta regularmente no Warung, em Balneário Camboriú, clube em que Leozinho é DJ residente.

Cretini & Lazarenti

Outro duo, de Leozinho com Gustavo Conti, empresário curitibano e fundador do Warung. "O Conti é o cara que me apresentou para a música eletrônica. Juntos fazemos um set mais bem humorado, para dar umas risadas. Fazemos um teatro, tocamos com uns bigodinhos. O público responde super bem", conta. "Foi algo que eu inventei para, depois de tanto anos na estrada, poder me divertir e aproveitar as festas também", admite.

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DJ Leozinho em seu estúdio, atrás do timbre inédito
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Dos três filhos da família Arlant, o caçula era o que levava menos jeito para a música. O mais velho, Pedro, jornalista, tocava guitarra em bandas de rock. Marcelo é multi-instrumentista: se vira bem no violino, sax, bateria... Porém, preferiu a carreira de engenheiro civil. O mais novo, Leonardo, tentou estudar piano e guitarra, mas não evoluiu. "É que eu sou canhoto, é preciso adaptar os instrumentos e fica mais difícil", defende-se, brincando.

Porque "a vida dá voltas", foi ele quem se tornou profissional na música. Começou em 1995, quando o então roqueiro (fã de Jimi Hendrix e The Doors) passava uma temporada em Londres.

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"Me levaram numa balada em um clube de música eletrônica. Eu vi aquela moçada com roupa diferente, o bar sem cerveja e pensei: ‘isto não é para mim, vou embora daqui’", lembra.

Em pouco tempo, porém, a batida mudou a rota de sua vida. "Quando eu vi, ‘tava lᒠno meio da galera. Fiquei alucinado. Não entendia de onde vinha a música. Levei um tempo para assimilar", admite.

Pouco tempo também para, depois de conhecer o caminho das pedras dos clubes e lojas de discos londrinas, o fascínio virar profissão.

De volta a Curitiba no ano seguinte, DJ Leozinho tornou-se residente na extinta Rave e, desde então, são 17 anos como um dos nomes mais importantes da música eletrônica nacional.

Atualmente, Leozinho é residente do clube Warung, em Balneário Camboriú (SC), para onde migrou boa parte da cena eletrônica curitibana.

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Viaja o Brasil todo com três projetos paralelos e já tocou em festas nos Estados Unidos, Europa, China e vários países da América Latina.

"O Brasil é um dos melhores cenários do mundo para trabalhar. Por isso a gente tem a impressão de que alguns DJs gringos não saem daqui. Aqui se paga bem e o público é quente", compara.

Com a experiência de quase duas décadas na noite, Leozinho afirma que viu a cena "mudar para pior" com a proliferação de DJs celebridades com pouca afinidade com o métier. "Estamos no tempo do glamour. Hoje em dia, em alguns clubes, as áreas vip e os camarotes são maiores que a pista", indigna-se.

Para ele, o segredo da "balada perfeita" é um "público bom, um lugar agradável com algum nível de conforto e claro, o som. A vibe é o que conta, na real, e aí que entra o DJ", diz.

Leozinho também critica a própria classe e alguns colegas que buscam o sucesso comercial pelo meio mais fácil.

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"Veja a música eletrônica francesa. O [duo] Daft Punk faz um pop de alta qualidade, ousado e inovador. E fez o disco do ano [Random Access Memories], mostrando que há luz no fim do túnel", disse.

Garimpagem

Quando está em Curitiba, Leozinho passa as tardes em seu estúdio no Jardim Social ouvindo milhares de músicas para suas mixagens.

"Preciso descobrir a música que seja boa e também a que não esteja à mão de todos, para que seja um diferencial do meu trabalho. É preciso fazer a garimpagem em dois níveis", explica.

"A regra é sempre procurar um timbre que nunca se escutou. Se você já ouviu antes, descarte", recomenda.

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Esvaziada, cena local migrou para Santa Catarina

A cena curitibana de música eletrônica no final dos anos 1990 chegou a ter uma dezena de clubes de estilos diferentes e festivais regulares. Atualmente, porém, é quase inexistente.

Com o fechamento da Liqüe, no ano passado, restaram alguns poucos clubes com programação bissexta.

"Toco pouco em Curitiba, principalmente na Vibe, que é um último reduto da música eletrônica underground", disse Leozinho.

Para o presidente da Associação de Bares, Restau­­rantes e Casas Noturnas (Abra­­bar), Fábio Aguayo, a cena local se "apagou". "Restaram apenas a Vibe, a Duc e as casas que apostam no público LGBT como Simão, James e VU", explica.

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Segundo Aguayo, vários fatores somados produzem o esvaziamento. "Há o efeito ‘boate Kiss’, que afetou todo o setor. A burocracia municipal dificulta ao máximo manter casas com música ao vivo. O público também está disperso, os jovens não se entusiasmam tanto e o pessoal de mais poder aquisitivo vai para o litoral catarinense", explica.

Para Leozinho, "Santa Catarina está para a música eletrônica brasileira como Ibiza está para a Europa". "A diferença é que Ibiza é um destino de verão e em Santa Catarina rola o ano inteiro", compara.