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O cineasta Nicolas Winding Refn ("Drive"), 42, sabe como tornar uma entrevista interessante. Hoje ao falar pela primeira vez com a imprensa mundial sobre seu novo longa, "Only God Forgives", selecionado para mostra competitiva do Festival de Cannes, o dinamarquês deu uma explicação, no mínimo, inusitada sobre a inspiração mística do seu novo filme com Ryan Gosling. "Minha filha tem a habilidade de ver fantasmas", revelou o diretor, que filmou em Bangkok, Tailândia. "Ela tem dois anos, nos acordava todas as noites apontando para o canto da porte e falando 'Não!". Se fosse nos Estados Unidos e eu falasse isso para alguém, eu seria internado. Mas liguei para o gerente de produção local e ele trouxe um shaman. Esse tipo de espiritualidade é comum na Ásia, então mudei completamente a premissa do roteiro." Infelizmente, "Only God Forgives" é muito menos interessante do que sugere o cineasta. Depois de dirigir o ótimo "Drive", Refn partiu para uma obra de baixo orçamento indigesta, apesar da boa premissa. Gosling esconde seu tráfico de drogas ao cuidar de uma academia de boxe tailandês, mas tudo se perde quando o irmão estupra uma garota e é assassinado a mando de um misterioso policial (Vithaya Pansringarm) e sua mãe (Kristin Scott Thomas, a melhor coisa da produção) pede vingança. Quem esperava o estilo de ação nervosa e surpreendente do longa anterior, se decepcionou. O filme mal tem diálogos, Ryan Gosling passa 1h30 em silêncio com sua cara de "gatinho carente de 'Shrek'", os planos são longos e desconexos, e o fim, completamente incoerente, passivo --só há uma cena de luta e ela é basicamente uma agressão ao personagem de Gosling. "Não sou fã de filmes de luta, mas eu estava em um período existencialista com minha mulher grávida da nossa segunda filha. Eu me sentia agressivo e raivoso com algo inexplicável e achava que a culpa era de Deus. Como eu não sabia canalizar esses sentimentos, fiz um longa", disse o cineasta, outra vez citando a família como influência. A produção começou errada. "Ela estava sendo planejada como um filme mais lógico, no qual explicava o misticismo e os detalhes da trama. Quanto mais tempo eu passava na Ásia, no entanto, vi que queria trabalhar contra as convenções e fazer algo diferente do trabalho anterior", falou o dinamarquês, que escreveu o roteiro antes de rodar "Drive" e tinha Luke Evans no papel principal. "Quando soube que meu ator tinha saído para fazer 'O Hobbit', falei 'merda' e liguei para Ryan, que topou a missão."

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