Há sete anos afastado das redações, o jornalista Guilherme Fiuza produziu uma longa reportagem, durante os últimos dois anos (contando com adiantamento da editora Record), publicada por meio do livro Amazônia, 20º Andar. Autor do bem-sucedido livro-reportagem Meu Nome não É Johnny, mantém o blog guilhermefiuza.com.br no site da revista Época. A seguir, fragmento da entrevista que Fiuza concedeu à Gazeta do Povo.
Gazeta do Povo Você enfrentou problemas para realizar Amazônia, 20º Andar?
Guilherme Fiuza Não posso dizer que tive maiores problemas para fazer o livro, além daqueles comuns a toda reportagem, como chegar aos personagens certos e extrair deles as informações certas.
Há trechos em que você reconstitui cenas, por exemplo, um acidente de Bia no Acre. Como foi fazer isso?
As reconstituições são baseadas em informação. Para escrever o capítulo do acidente, procurei me municiar bem não só de fatos e cenários, mas também de impressões e sensações dos personagens. Acho que o fato de estar escrevendo uma reportagem não priva o autor de poder trazer uma dimensão psicológica forte. E de colocar os fatos em perspectiva a partir do seu próprio olhar.
Como é a sua rotina?
Há sete anos não trabalho em redações. Faço quase tudo no meu escritório, que fica na minha casa. Isso exige uma auto-disciplina grande, mas tem uma certa contrapartida de liberdade e de produtividade. Às vezes, ao custo de poder estar escrevendo às 7 da manhã ou à meia-noite.
O espaço para grandes reportagens migrou das páginas de jornal e revistas para os livros? Qual a sua opinião sobre o jornalismo hoje?
Sempre haverá espaço para grandes reportagens em todas as mídias, inclusive na internet. A questão é saber se haverá salário para grandes repórteres. Se o bom jornalista precisa virar executivo ou assessor para ganhar bem, o público terá cada vez mais que se contentar com o cozidão do dia-a-dia. (MRS)
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