Caruso e Cordeiro em performances brilhantes na primeira apresentação de "Em Nome do Jogo" no festival| Foto: Ernesto Vasconcelos

A sempre elegante e discreta plateia curitibana levantou-se de uma só vez para aplaudir fervorosamente Marcos Caruso, Erom Cordeiro e todos por trás do brilhante espetáculo "Em Nome do Jogo", que teve neste sábado (30) sua primeira apresentação no Festival de Curitiba.

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Certamente, se pudesse estar presente, Anthony Shaffer, autor do texto original ("Sleuth"), acompanharia sem pestanejar."Espetacular, excelente", avaliou a estudante Aline Maldonado, de 29 anos, após sua primeira ida ao teatro. Para quem não costuma frequentar plateias e escolheu a peça pelo elenco de globais ou por ser no Guairão, o disputado ingresso deve render outras idas ao teatro.

A adaptação do premiado texto dos anos 70, que já foi se tornou filme duas vezes, parece ter tido cada palavra medida, gerando um jogo contínuo entre gato e rato, cujos papéis se confundem a cada jogada, com uma tensão entre os personagens que leva o público junto.

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Marcos Caruso comanda o palco com uma atuação de muita personalidade na pele do macabro escritor Andrew Wyke, com risadas igualmente macabras e frases cuspidas.Seu biotipo ajuda nos desenhados movimentos do personagem, tão geométricos quanto o cenário de seu escritório.

Do outro lado, completa a fórmula um suado Erom Cordeiro que não economiza energia no papel do cabelereiro Milo Tindolini – e ainda dá um bônus para a plateia feminina quando troca de roupa no palco e mostra muita "saúde".

A iluminação dá o tom de cada cena repleta de sutilezas e cria sombras muito bem planejadas no rosto de Caruso. Conforme o diálogo, até mesmo a fumaça do cigarro parece tomar forma sobre o fundo. Tudo com um quê noir de Hitchcock. O convencional contrarregra é substituído por um Andrew Wyke que se multiplica com figurinos iguais e se torna parte do espetáculo.

Acima de tudo, "Em Nome do Jogo" trata com maestria temas da natureza humana e da contemporaneidade, que vão da vaidade e da vingança aos criminosos de colarinho branco, tudo com muita categoria. Ao final, um Marcos Caruso com sorriso de orelha a orelha, emocionado com a resposta do público. Em nome de Curitiba, obrigada!