Com apenas 12 anos, a atriz paranaense Fernanda Machado já sonhava com o universo dos espetáculos, às vezes imaginando-se como primeira bailarina, outras como estrela de peças teatrais. Dedicava-se com fervor às aulas de dança e não perdia uma lição do curso de teatro, ministrado pelo diretor curitibano Beto Meira.
Até os 17 anos, já não respirava outra coisa. Entre os ensaios diários do grupo amador e as apresentações de balé, restava pouco tempo para se preocupar com o vestibular, qie, à época, era o pior pesadelo dos seus amigos e colegas de turma.
Fernanda estava certa de que o seu futuro seria o teatro, mesmo sem receber o apoio incondicional da família. Saiu de Maringá (Norte do estado) e foi viver em Curitiba, para estudar artes cênicas na Faculdade de Artes do Paraná (FAP) e onde, entre aulas, provas, ensaios e alguns bicos, lançou-se como atriz profissional.
Participou de cerca de cinco espetáculos profissionais, entre eles Lágrimas Puras em Olhos Pornográficos (de Edson Bueno) e A Longa Viagem do Comandante Fulano de Tal através do Grande Oceano (sob a direção de Enéas Lour).
Descoberta por um pesquisador de elenco da Rede Globo, foi chamada para um teste e em seguida convidada para a Oficina de Atores, no Rio de Janeiro. Essa acabou sendo a sua porta de entrada para a televisão.
De forma resumida e bem simplificada, é assim que se pode descrever a trajetória da atriz de 24 anos, natural de Maringá, que atualmente vive a ambiciosa Dalila, em Alma Gêmea.
O caminho para Fernanda Machado, entretanto, foi mais atribulado. Acostumada à linguagem teatral e com o estilo de vida em Curitiba, onde viveu durante sete anos, não foi fácil mudar de cidade e acompanhar a rotina de gravações de sua primeira novela. "Já me adaptei ao Rio de Janeiro, mas prefiro viver em Curitiba. Sou um pouco reservada, por isso adoro o clima e as pessoas da cidade", conta.
Fernanda não aceitou o primeiro convite para fazer a Oficina de Atores da Globo por causa de uma peça que apresentava em Curitiba. Somente um ano depois teve a chance de participar do curso, que durou três meses. "Foram tempos difíceis. Eu não conhecia a cidade, nem ninguém, não podia trabalhar e tinha pouco dinheiro. Se a oficina fosse mais longa, não sei se eu ficaria até o fim", confessa.
A russa Sonya, da novela Começar de Novo, foi o primeiro papel de Fernanda na televisão. Apesar de só ter entrado na trama depois dos primeiros 30 capítulos, Fernanda fez questão de acompanhar as gravações desde o início.
Para compor a personagem, pesquisou a respeito da cultura russa e teve aulas do idioma. Para ela, Sonya foi o papel ideal para estrear na televisão. "Ela era descomplicada. Então, tive a tranqüilidade de interpretá-la, enquanto aprendia a fazer televisão. Também foi uma grande experiência trabalhar com o Antonio Abujamra, que é um mestre do teatro", elogia.
Apesar de estar encantada com a experiência na televisão, Fernanda continua apaixonada pelo teatro e também atua na área de produção, adereços, maquiagem e figurino. Em 2004, enquanto concorria ao prêmio de melhor atriz por A Longa Viagem..., recebeu o Prêmio Gralha Azul como melhor aderecista e figurinista do mesmo espetáculo. Reforçando a sua polivalência, já fez até um curso de maquiagem para cinema em Londres, tudo para criar os efeitos necessários para a encenação de Homem Elefante, dirigida pelo amigo e professor Beto Meira. "Acho importante trabalhar nos bastidores, aprender a fazer de tudo um pouco. É uma necessidade, faz parte do meu trabalho e, por isso, quero continuar desenvolvendo esse trabalho aqui no Rio", conta.
A atriz também sonha com a possibilidade de trabalhar em cinema. Fez um teste para Não por Acaso, longa de Philippe Barcinski produzido pela O2 Filmes (de Fernando Meirelles), e já recebeu propostas para participar de outras produções.
Enquanto a chance não aparece, continua gravando a novela até março e aproveita para matar as saudades do teatro com as peças Dores de Amores, de Leo Lama, com estréia prevista para o final do ano. Em 2006, tem planos de participar da nova montagem de Beijo no Asfalto, de Nelson Rodrigues.
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