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Embap: instituição funciona em prédios alugados, no Centro de Curitiba | Henry Milleo/Gazeta do Povo
Embap: instituição funciona em prédios alugados, no Centro de Curitiba| Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo

Mesmo com parte de sua atuação acadêmica engessada por problemas estruturais e decorrentes da crise financeira do Estado, a Escola de Música e Belas Artes do Paraná (Embap) – agora integrada à Universidade Estadual do Paraná (Unespar) – decidiu não deixar passar em branco os 67 anos da instituição, celebrados nesta sexta-feira (17).

A comemoração (veja programação completa ao lado) tem início a partir do meio-dia, com uma intervenção artística na Praça Carlos Gomes, no Centro de Curitiba. Neste mesmo dia, um ato em frente ao antigo prédio histórico da Escola vai reunir, a partir das 15 horas, alunos e professores em uma causa comum: exigir uma resposta do governo estadual sobre a implantação da sede da instituição.

Desde que as condições precárias do imóvel obrigaram a Embap a deixar sua então sede, na Rua Emiliano Perneta, em 2010, a comunidade acadêmica vive um drama diário por não poder usufruir de um espaço próprio. Além de ter que driblar os problemas gerados pelas instalações improvisadas, a Escola precisa fazer malabarismos para arcar com as despesas extras de cerca de R$ 120 mil mensais referentes ao aluguel e à segurança dos três prédios onde hoje são ministradas as aulas e as atividades de extensão.

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De acordo com Maria José Justino, diretora da Embap, como retomada de uma promessa antiga, uma conversa com a Secretaria de Estado da Cultura (Seec) no fim do ano passado havia sinalizado que a nova sede da Escola poderia instalada no espaço atualmente ocupado pela Ambev, no bairro Rebouças. A empresa deve, em breve, migrar toda a produção feita na capital e em Almirante Tamandaré para Ponta Grossa, nos Campos Gerais. Mas, segundo a diretora, desde que o anúncio foi feito pelo secretário da pasta, Paulino Viapiana, nenhum retorno sobre a concretização dos projetos foi feito pelo governo, embora o governo estadual não confirme interrupção de estudos sobre o caso.

“Esses três anos que estou dirigindo a Belas Artes têm sido uma via sacra para tentar encontrar uma solução definitiva. Já estive com grandes autoridades para conversar sobre a nova sede, exceto o com o governador do Paraná. Mas não foi por falta de convite nosso. Até hoje aguardamos a resposta de um ofício que mandamos para ele. Precisamos de uma definição”, defende Maria José.

Mas, esta definição ainda não tem data para chegar. De acordo com o secretário de Estado da Ciência. Tecnologia e Ensino Superior, João Carlos Gomes, o governo do Paraná está analisando as negociações possíveis para a instalação da nova sede da Embap. Porém, como todo trâmite administrativo, a decisão final é antecedida por várias etapas legais que precisam ser respeitadas.

“O governo tem interesse em atender a escola. O documento que pede a nova sede foi protocolado em dezembro, veio para nós e agora está na Casa Civil”, declarou o secretário em entrevista à reportagem. “Com isso, estamos iniciando as tratativas dessa negociação, que depende dos acordos do estado com os proprietários do imóvel”.

Conforme Gomes, a prioridade é mesmo levar tanto a Embap para a Faculdade de Artes do Paraná (FAP) para o imóvel da Ambev, que tem espaço suficiente para comportar as duas instituições. Como as negociações com os proprietários do imóvel ainda não foram iniciadas, não há estimativa de quanto a compra do espaço vai custar aos cofres públicos.

Sem sede, sem dinheiro

Não é só a falta de um espaço exclusivo que tem desanimado alunos e professores da Embap. Projetos aprovados em 2013 pela Fundação Araucária ainda estão com pagamentos pendentes, assim como as propostas aprovadas no ano passado.

Com a escassez de verbas, professores têm bancado do próprio bolso viagens a congressos acadêmicos, sem perspectiva de que tenham o custo devolvido algum dia. Pelo mesmo motivo, dois eventos programados para o calendário escolar deste ano – o Festival Internacional de Arte e Tecnologia (Fiart) e o III Simpósio Acadêmico de Flauta Doce – foram cancelados.

“Nunca tivemos na Embap uma crise como essa”, comenta a diretora da instituição. Maria Justina acrescenta que além dos projetos não pagos e dos eventos cancelados, o primeiro repasse trimestral do ano – o chamado custeio, que, para a Escola chega a aproximadamente R$ 450 mil –ainda não foi feito. Por isso, as dívidas do período se acumularam e passam dos R$ 650 mil. Sem dinheiro, a diretoria decidiu suspender os pagamentos das contas de luz, água e telefone. Os alugueis atrasados estão sendo renegociados com os proprietários.

“Em tempo de recessão, a cultura é a primeira a ser cortada, mas a última coisa que morre”, comenta o professor de Música Márcio Steuernagel. “Essa conjuntura não necessariamente estrangula a arte. Mas também não temos que romantizar. A arte acontece sem dinheiro apenas por um curto prazo”.

Apesar de um período de contingenciamento, o executivo estadual, por meio da Estado da Ciência. Tecnologia e Ensino Superior, negou as acusações de atraso em repasso de verbas. De acordo com a pasta, o custeio do primeiro trimestre de 2015 já foi entregue à Embap, em uma soma que passa dos R$ 440 mil.

Além disso, a secretaria afirmou que, recentemente, cerca de R$ 1,5 milhão foi repassado a Unespar, para que a instituição distribua o dinheiro entre as faculdades que integram a instituição, dentre as quais está a Embap.

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