Serviço
Belas Memórias
Escola de Música e Belas Artes do Paraná Auditório (R. Francisco Torres, 253 Centro). Hoje, às 18h30. Entrada franca.
A Escola de Música e Belas Artes do Paraná (Embap) começa hoje, às 18h30, um novo projeto que quer envolver a comunidade no registro da história da instituição, o Belas Memórias. A iniciativa, coordenada pela diretora Maria José Justino, promoverá, mensalmente, uma conversa com egressos, que contarão sobre como a Belas influenciou as suas vidas. Todos os debates, abertos ao público, serão gravados em vídeo, posteriormente editados, e farão parte de um arquivo na universidade.
Na primeira edição da ação, estarão presentes o artista e aluno da primeira turma da Embap, Fernando Veloso; o pintor Fernando Calderari; a ex-aluna e professora da escola, Estela Sandrini, hoje diretora do Museu Oscar Niemeyer (MON), a pianista Henriquieta Garcez Duarte, a cravista e organista Ingrid Müeller Seraphim e o compositor Maurício Dottori.
"Quando falamos que somos celeiros de artistas, as pessoas não têm noção de quem saiu daqui. Por isso, queremos fazer os debates e registrá-los. É uma história contada por quem viveu a Belas", diz Maria José. Por isso, a diretora escolheu profissionais de áreas e vivências distintas, para que cada uma das conversas tenha um tom diferente.
Questões sobre como a escola ajudou essas pessoas em sua formação profissional serão o mote inicial da conversa, que abordará, ainda, como esses ex-alunos e professores enxergam a Belas hoje. "Será um debate livre", salienta Maria José.
Sede única
A necessidade de um espaço físico único para a Embap deve ser outro tema paralelo. Atualmente, um acordo entre a Fundação Cultural de Curitiba e a escola deve instalar a Belas no prédio do atual Centro de Criatividade de Curitiba, no Parque São Lourenço (leia opinião sobre o projeto ao lado). Hoje, a escola se divide em três prédios no centro da cidade.
Opinião
Outra perspectiva
Elvo Benito Damos, escultor, responsável pelo Ateliê de Escultura do Centro de Criatividade de Curitiba (CCC)
A Escola de Música e Belas Artes do Paraná (Embap) tem sim direito a uma sede própria. Mas uma sede nova, projetada com o que há de mais inovador e adequado aos novos ventos que movimentam as artes pelo mundo.
A mudança da Escola para os prédios do Centro de Criatividade de Curitiba (CCC), no Parque São Lourenço, não é uma solução definitiva ou inteligente, e sim, mais um arranjo improvisado, pois ela necessita de, no mínimo, 4 mil metros quadrados de área construída para atender a suas demandas.
As instalações do Centro ainda mantêm características arquitetônicas originais, o que se traduz em ateliês amplos, sem divisões ou espaços compartimentados. Os frequentadores trabalham lado a lado, com técnicas e materiais diversos.
O CCC é um projeto nascido dentro da grande transformação da nossa Curitiba, que tornou a fábrica de cola abandonada um exemplo de arquitetura, destinada a um fim específico, ou seja, um Centro de Criatividade. Para atender a Embap, o espaço teria de ser todo retalhado em cubículos, salas especiais para abrigar, por exemplo, um flautista que não poderá conviver ao som de um macete de escultor.
A Embap sabe de antemão que será necessária a construção de um prédio com um mínimo de cinco andares, ou vários, menores, para abrigar dignamente seu contingente de acadêmicos, administradores e professores. Pergunto então: onde, dentro do Parque São Lourenço temos um espaço para tanto? O parquinho já é das crianças.
Notícias informam que serão compartilhados os espaços entre ambos, e tudo permanece como está, ou a Embap assume o CCC completamente. Pergunto: quem vai jogar a pá de cal? Quem assume o enterro do CCC com 40 anos de grandes histórias que vão para a vala comum como cidadão sem passado e identidade? O acordo entre Fundação Cultural (FCC), governo do Estado e Embap foi feito sem dar conhecimento aos funcionários, à comunidade dos artistas, e aos frequentadores dos ateliês. Sem permitir argumentação favorável ou contrária. Quando a FCC era questionada sobre o assunto, sempre negava a possibilidade de isso acontecer.
O CCC teve altos e baixos, muito mais altos. Ele é uma criança negligenciada pelos pais. No momento atual, requer contratação (concurso) de gente criativa e talentos que assumam a luta do presente, pois nos honra muito o passado.
A Embap é uma academia e, pela própria natureza, excludente de grande parcela da população que pensa em arte, enquanto o CCC sempre esteve compromissado em atender todos. Os ateliês do Centro fazem um atendimento personalizado, onde o pensar e o fazer andam juntos. Embora a arte seja o fio condutor comum entre ambas as entidades, temos diferenças importantes, e é claro, necessidades idem.
Não vislumbro esta união com bons olhos, a proposta desta transferência não é a solução para nenhuma das partes envolvidas. Na realidade, são duas instituições em busca de demandas diferentes, com um único cobertor curto.
O governo do estado deve construir o que for necessário para acabar com a agonia de 30 anos em busca de uma casa própria para a Embap, e dotar o Paraná do mais moderno centro de artes do país. Recolocar o Centro de Criatividade de volta aos seus anos de glória e reconhecimento é o papel que cabe à Fundação Cultural.
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