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O curta mineiro "Pouco Mais de um Mês", de André Novais Oliveira, aproxima o espectador do filme por mostrar um casal comum em um começo de relacionamento.

Protagonizado pelo próprio diretor e sua namorada, pouco mais de um mês antes do curta, os personagens ficcionais, por meio de quadros fixos e diálogos fluidos, vivenciam uma situação banal para qualquer casal no começo de namoro, uma "discussão de relacionamento".

O filme começa na penumbra de um quarto onde duas pessoas acabaram de acordar. O diálogo inicial parece apenas tentar cobrir o vazio, como quando não sabemos o que dizer ao amante, mas necessitamos substituir o ruído das palavras não ditas. À medida que a luz entra em cena, criando uma câmara escura que reflete o ambiente externo, percebemos que o plano dentro do quarto pode ser, para nós, tão interessante quanto a imagem que o casal visualiza no teto.

"Pouco Mais de um Mês" se desenvolve de forma natural, e a luz acaba revelando os personagens são revelados. A banalidade da situação não deixa de proporcionar interesse e curiosidade, as possibilidades que o enredo apresenta são muitas.

A humanidade e simplicidade dos personagens, suas dúvidas e inseguranças, o cenário e suas peculiaridades, tudo isso proporciona uma experiência de empatia. Trocamos de lugar, deixamos de ser apenas espectadores e entramos na mente dos personagens André ou Élida. Mentalmente, recordamos experiências, cenas, sentimentos confusos, cheiros, um toque, uma música, um lugar.

A luz revela não apenas o espaço (tão harmônico e arbitrário, ao mesmo tempo tão bem pensado, torna-se mais uma personagem), mas também as barreiras imperfeitas impostas pelos personagens, e que necessitam ser superadas para o desenvolvimento de qualquer relação social, amorosa ou não.

Em pouco mais de 22 minutos, com elementos trabalhados pacientemente, de gestos a objetos, de cenários a sentimentos temerários, "Pouco Mais de um Mês" nos faz sentir e pensar em tantas coisas que gostaríamos que durasse mais, mesmo sabendo que durou o suficiente para tirar os pés do chão.

* Texto produzido por aluno da Oficina de Crítica Cinematográfica do 2º Olhar de Cinema.

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