A reportagem da Gazeta do Povo entrou em contato com as mais importantes editoras do Brasil para comentar o assunto "recusa de originais". Até o fechamento desta edição, apenas a Cosac Naify e a Record se pronunciaram. As demais empresas alegaram que os responsáveis estavam ausentes ou não poderiam responder.
Cassiano Elek Machado, diretor editorial da Cosac Naify, conta que a casa recebe, em média, 60 originais por mês. A respeito de recusas, Machado constata ser bem frequente que um mesmo autor envie duas ou três vezes o mesmo original. "Infelizmente não temos nem tempo de recusar como gostaríamos. No mundo ideal, as editoras teriam funcionários que poderiam responder aos que enviam originais com comentários sobre como o livro poderia ser melhorado. Como isso é inviável, simplesmente não respondemos quando não nos interessa", revela.
Missão
Luciana Villa-Boas, diretora editorial da Record, chama atenção para uma nuance prática da atividade: "Uma editora é uma empresa capitalista, e seu executivo tem o compromisso mantê-la líquida e saudável para próximas gerações de profissionais". Mesmo, e apesar disso, ela mira em outro aspecto da profissão: a missão civilizatória. "Ser editor significa intuir o que uma parcela significativa de leitores está interessada em ler, seja como ficção, que lhes vai abrir a fantasia e imaginação e também a compreensão da vida, do mundo e da espécie; seja como formulação teórica, como novas tentativa de apreensão intelectual da realidade", diz.
Luciana prossegue o raciocínio e completa que "se devemos contribuir para o aprimoramente e a socialização do saber literário e téorico, temos também que responder por resultados". Em outras palavras, mesmo que indiretamente, a toda-poderosa da Record insinua que o editor, no fundo, tem de escolher (editar) o que, além de qualidade, venha a encontrar ressonância no mercado (e recusar o que não interessa) (MRS)
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