O trombonista Raul de Souza apresentou uma série de três shows com o famoso contrabaixista americano Ron Carter no Teatro da Caixa no último fim de semana. Prestes a completar 80 anos de idade e 60 de uma carreira reconhecida internacionalmente, Raul carioca com um pé na capital paranaense, onde morou entre 1958 e 63 e onde vivem três de seus filhos subiu ao palco ao lado de Fábio Torres (pianista do Trio Corrente, vencedor do Grammy de melhor álbum latino de jazz em 2014) e Serginho Machado (baixo), além dos músicos de Curitiba que o acompanham desde meados da década passada: Glauco Sölter (baixo) e Mário Conde (guitarra).
Um papo com Raul de Souza e Ron Carter
Afiado, o quinteto abriu o show com "Bossa Eterna", de Raul (do álbum homônimo de 2008 gravado com João Donato, Luiz Alves e Robertinho Silva), e "10 Minutos", samba com acento latino de autoria de Conde. Ron Carter se uniu ao grupo em "Encontro", tema de pegada mais jazzística escrito por Raul especialmente para o projeto.
Convidado
O encontro de monstros sagrados resultou em um acontecimento único. Raul, figura carismática no palco, comandou as melodias com maestria, amparado por um grupo agigantado pela participação de Carter veterano do jazz norte-americano que fez parte do quinteto de Miles Davis entre 1963 e 1968, ao lado de Herbie Hancock, Tony Williams e Wayne Shorter.
Alheio a canonizações, o baixista em que pese a imponência de sua figura no palco conduziu as músicas com elegância, sobriedade e até alguma timidez, deixando para se sobressair de fato em seu momento solo, depois de passear com o grupo pelo standard "Just Friends" e por duas de suas composições a cool "Saudade" (do álbum Jazz & Bossa, de 2008) e "Parade" (do disco homônimo de 1979).
Sozinho, com uma peça de melodia singela, Carter mostrou o leque de recursos que tem à disposição de sua abordagem livre e inventiva do contrabaixo acústico. Com igual destreza, Raul, em sua vez, solou em um instrumento que ele mesmo inventou, o Souzabone um tipo de trombone de pistos que ele ainda espera fabricar em série.
A última parte do show foi marcada pelo clima de improviso, com direito a bate-bola entre o baixo acústico de Carter e o fretless elétrico de Sölter, de volta ao palco. O baixista curitibano parecia radiante ao cutucar o gigante americano com frases virtuosas, em um dos momentos mais interessantes da apresentação.
Raul celebra seis décadas de carreira com o tipo de festa que merece.
Um papo com Raul de Souza e Ron Carter
Juntos em Curitiba para uma série de três apresentações, o trombonista brasileiro e o contrabaixista americano conversaram com a Gazeta do Povo
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