Quem reparou nos créditos iniciais do filme O Preço da Paz, ainda em cartaz nos cinemas curitibanos, pode ter estranhado a referência à Orquestra Sinfônica de Berlim. Por que, afinal, uma prestigiada formação européia estaria à frente da trilha sonora de um filme local que narra os bastidores da vida política do Paraná, durante a tentativa de deposição do presidente Floriano Peixoto?
Boa parte do elo está em Jaime Zenamon. Compositor, maestro e concertista nascido em La Paz, na Bolívia, Zenamon estabeleceu-se em Curitiba em 1972. Aqui naturalizou-se brasileiro e criou o curso de Violão Erudito na Escola de Música e Belas Artes do Paraná (Embap). A convite da Escola Superior das Artes de Berlim, mudou-se para Alemanha, onde lecionou na instituição entre 1980 e 1992. Criou um currículo invejável como compositor para violão, mas também escreveu para orquestras.
Gravou oito discos, com Zenamon recebendo edição do prestigiado selo Deutsche Gramophon, em 1994. Em 2000 foi o primeiro maestro brasileiro a conduzir uma composição própria frente à Sinfônica de Berlim. Também fez trilhas para curtas-metragens e animações. No caso de o Preço da Paz, seu primeiro trabalho em um longa nacional, participou como violonista, além de compor e reger.
O Concerto de Natal Brasil Telecom, que acontece hoje, às 20 horas, na Capela da Nossa Senhora de Medalha Milagrosa, no bairro Mercês, é uma boa oportunidade para conhecer de perto o trabalho de Zenamon. Tanto mais porque o espetáculo é uma parceria com a prestigiada cantora lírica paranaense Denise Sartori, que, antes de emplacar sua carreira internacional, foi aluna da Embap justamente quando Zenamon era professor de violão. Trata-se da última apresentação de uma série de cinco concertos que o dueto está fazendo pelo Paraná desde a quinta-feira passada.
A idéia para a formação inédita partiu do produtor cultural Álvaro Colaço, que já tinha experiências muito positivas com ambos os artistas. Tanto Zenamon como Araújo, amigos de longa data, relatam que encararam com bastante expectativa e muito respeito mútuo a primeira experiência profissional conjunta. "Está muito melhor do que eu esperava, sinceramente. Não tínhamos muito tempo, e eu precisava fazer arranjos e estudar, e a Denise não sabia o repertório, e eu também não, mas decidimos fazer. Seis dias antes, nos reunimos e estávamos um pouco tensos, porque não sabíamos no que ia dar. Mas deu muito certo e gente está muito feliz", diz Zenamon. "A gente se fala há tanto tempo e nunca trabalhamos juntos. Para mim, trabalhar com violão é uma coisa nova e estou adorando", elogia Denise, que no currículo traz participações de destaque em óperas como O Barbeiro de Sevilha, Carmen, Aida, Phaedra e Rigolleto. A cantora adianta que a dupla planeja continuar trabalhando, e poderá gravar um CD em 2006. Zenamon também pretende começar a compor especificamente para o dueto.
O repertório da apresentação de hoje é leve, composto predominantemente por temas natalinos. Há duas composições de Zenamon, uma solo, a "Homenagem a Maurice Ravel" e "Quem Ama, Inventa", escrita a partir de um texto de Mário Quintana. Ainda haverá clássicos como "Greensleaves", "White Cristmas" e "Summertime". Os negro spirituals americanos são representados por "Go Tell on the Mountain", "Deep River", e "Amazing Grace".
Serviço: Concerto de Natal Brasil Telecom. Capela de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa (Av. Manoel Ribas, 2 Mercês), (41) 3305-4435. Hoje, às 20 horas. Ingresso: 1 litro de leite longa vida.
Impasse sobre apoio a Lula provoca racha na bancada evangélica
Símbolo da autonomia do BC, Campos Neto se despede com expectativa de aceleração nos juros
Eleição de novo líder divide a bancada evangélica; ouça o podcast
Eleição para juízes na Bolívia deve manter Justiça nas mãos da esquerda, avalia especialista
Deixe sua opinião