Ana Paula Taques e Mazé Portugal em cena de “Teias”, um dos dois segmentos que integram a montagem Amores (re)Partidos| Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo

Em meio à explosão de peças de teatro em Curitiba durante o Festival, fica difícil escolher. Dentro da programação de estreias do Fringe, uma opção para quem prefere encenações intimistas e reflexivas é Amores re(Partidos), do grupo Serial Cômicos.

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São duas peças em uma. "Lapso" é um monólogo, cujo resultado deixa claro que o texto foi escrito para a atriz Mazé Portugal. Uma dona de casa comum – talvez até demais – relata um drama tragicômico vivido de uma noite para a outra. "É uma mulher invisível, que de repente se vê num palco", resume Mazé.

"Teia" permanece dentro do universo feminino, agora com o reforço de Ana Paula Taques. Duas mulheres conversam sobre o casamento de uma delas, e aos poucos o espectador percebe que a melhor amiga e confidente está mais envolvida no assunto do que quer aparentar. No meio está o cruel marido (Thadeu Peronne, que atua no filme Corpos Celestes, em cartaz).

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O charme da história, que poderia falar apenas de mais um triângulo amoroso, são as idas e vindas entre o passado e o presente. Sim, é possível se perder, mas, caso ocorra, isso não comprometerá a apreciação do espetáculo, que permite várias interpretações.

O autor, o paulistano-curitibano Douglas Daronco, de 46 anos, tira inspiração de observações do dia a dia: cenas de supermercado, conversas de ônibus e do parque que o impressionaram de alguma forma.

Talvez ele capte tanto do seu entorno porque passa despercebido, já que, como define Mazé, "não é uma estrela, é uma pessoa contida". Quando vê ou ouve algo que lhe interessa, Douglas anota a cena. "Com certeza mais para a frente acabo usando", contou à Gazeta do Povo.

Ele desenvolve esse caminho de criação desde que começou a participar de oficinas de escrita teatral, primeiro da Prefeitura de Curitiba, depois no Núcleo de Dramaturgia do Sesi.

Este último lhe rendeu as leituras dramáticas de Teia (que foi publicado) e Vazio, que deve ser incluída em Amores (re) Partidos mais tarde.

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Mazé e Thadeu, que formam o Serial Cômicos, conheceram Douglas nas Tardes Dionisíacas da Casa Hoffmann. "Resolvemos investir nele", explica Mazé, acrescentando que o autor já está escrevendo mais um texto para eles.

Escolhas

O minimalismo buscado em Amores re(Partidos) já foi trabalhado pela dupla na direção de Cold Meat Party (2009), que fez carreira em Curitiba e São Paulo e cujo texto original é do dramaturgo canadense Brad Fraser.

A história de Mazé e Thadeu remonta a 1991, quando se conheceram no grupo de teatro da PUCPR Tanahora.

"Eu fui mãe do Thadeu em Bella Ciao", brinca Mazé.

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Após incursões em conjunto com Os Satyros (A Farsa de Inês Pereira, que rendeu o prêmio Gralha Azul de melhor ator a Thadeu, e Retábulo da Avareza, Luxúria e Morte – Pacto de Sangue), os dois se uniram sob o nome Serial Cômicos, grupo criado por Mazé em 2005.

Desde então, fizeram trabalhos reconhecidos, como Os Bobos de Shakespeare (2006), com atuação de Thadeu, adaptação de Edson Bueno, direção de Laércio Ruffa e vencedora do Gralha Azul de Melhor Maquiagem.

O próximo passo da dupla é encenar três textos do francês Michel Deutsch, com direção de Márcio Mattana.

Serviço

Amores (re)Partidos. Direção Thadeu Peronne. Miniauditório do Teatro Guaíra (R. Amintas de Barros, s/nº), (41) 3304-7982. Dias 6 (12h), 7 (23h), 8 (19h), 9 (19h) e 10 de abril (16h). R$ 24 e R$ 12 (meia).

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Playlist

Veja a playlist com cenas de algumas peças do Festival de Curitiba: