Os relatos de viagens sempre serviram à literatura como fonte de inspiração. As experiências e o contato com outros costumes e povos descritos em livros povoavam as mentes dos leitores, principalmente em épocas mais remotas em que os deslocamentos entre países eram mais restritos a aventureiros. Clássicos como A Volta ao Mundo em 80 Dias, de Júlio Verne, As Aventuras de Gulliver, de Jonathan Swift, e On the Road, de Jack Kerouac, por exemplo, foram construídos para explorar o imaginário do público.
Seguindo essa linha, o jornalista mineiro radicado em Curitiba Roberto Nicolato acaba de lançar A Caminhada ou o Homem sem Passado. Ambientada no Peru, a obra usou como base o diário da viagem que Nicolato fez ao país sul-americano entre 2000 e 2001.
Machu Picchu
O relato serviria inicialmente para um livro reportagem que foi abandonado, mas há dois anos, segundo o escritor, ele decidiu resgatar a história e usar como base para uma ficção. "A escolha de Machu Picchu foi apenas para ter um cenário para a história. Não queria transformar em algo místico", diz Nicolato.
O uso do diário e a opção de estilo literário faz com que o livro tenha passagem autobiográficas. "Usei imagens da minha cidade [SantaAna do Campestre, na região da Zona da Mata mineira], mas minha família não tinha fazenda e eu não estudei em um seminário como o personagem", revela Nicolato.
Interlocução
De acordo com o escritor, no texto de A Caminhada ou o Homem sem Passado ele tentou manter uma conversa com o leitor. Nicolato explora a ruptura com o espaço físico, com a cultura e as amizades, numa espécie de despedida, com flashbacks e elipses para passagens de tempo.
Com prefácio do jornalista e colunista da Gazeta do Povo José Carlos Fernandes, a obra foi financiada pelo próprio Nicolato, mestre e doutor em estudos literários pela Universidade Federal do Paraná, que já prepara uma nova tiragem após a boa recepção do livro.