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Ninguém Pode Saber: drama familiar baseado em fatos reais e premiado em Cannes | Divulgação
Ninguém Pode Saber: drama familiar baseado em fatos reais e premiado em Cannes| Foto: Divulgação

Mostra

O Consulado Geral do Japão em Curitiba promove, de 25 a 31 deste mês, na Cinemateca de Curitiba, com entrada franca, uma mostra de filmes do país. Confira a programação:

25/10

16h – O Sol Sempre Se Põe na Terceira Rua 1, de Takashi Yamazaki.

18h30 – O Sol Sempre Se Põe na Terceira Rua 2, de Takashi Yamazaki.

21h – Documentários sobre o Japão – DVD

26/10

15h30 – Férias de Verão com Coo (animê), de Keiichi Hara

18h05 – Chibi Maruko-Chan (animê), de Tsutomu Shibayama

19h55 – Torre de Tóquio, de Takashi Minamoto

27/10

Especial Yasujiro Ozu

16h – Pai e Filha

18h – Comentários sobre os filmes de Yasujiro Ozu

20h – Era uma Vez em Tóquio

28/10

16h – Kabê – Nossa Mãe, de Yôji Yamada

29/10

15h30 – Torre de Tóquio, de Takashi Minamoto

18h10 – A Garota Que Saltou no Tempo (animê), de Mamoru Hosoda

20h05 – Honra de um Samurai , de Yôji Yamada

30/10

Especial Akira Kurosawa

16h – Juventude sem Arrependimento

18h – Comentários sobre os filmes de Akira Kurosawa

20h – A Luta Solitária

31/10

Especial Animê

15h30 – Chibi Maruko-Chan, de Tsutomu Shibayama

17h20 – Férias de Verão com Coo, de Keiichi Hara

20h – A Garota Que Saltou no Tempo , de Mamoru Hosoda

  • Takeshi Kitano (a direita) dirige e estrela o policial Outrage: adorado por Tarantino
  • O emocionante A Partida venceu o Oscar de melhor filme estrangeiro em 2009
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Houve um tempo no qual cinema japonês, para o Ocidente, era sinônimo de Akira Kurosawa. Quando faleceu, em 1998, o autor de clássicos como Rashomon, Os Sete Samurais e Ran, deixou no posto de "o grande cineasta" do país do Sol Nascente Shôhei Imamura, duas vezes ganhador da Palma de Ouro no Festival de Cannes, por A Balada de Narayama (1983) e A Enguia (1997). Esse reinado, contudo, foi curto: durou até 2006, ano de sua morte. Desde então, o trono está vago.

Não faltam bons diretores à terra de Yazujiro Ozu (de Era uma Vez em Tóquio e Pai e Filha), considerado o mais japonês dos cineastas, por ter sido capaz de retratar com extrema sensibilidade a vida cotidiana dos japoneses, a intimidade das relações familiares, no pós-Segunda Guerra Mundial. Nenhum desses diretores, entretanto, conseguiu alcançar a consagração internacional de um Kurosawa ou de um Imamura. Mas isso não significa que inexistam no Japão criadores de enorme prestígio.

Cultuado em todo o mundo, Hayao Miyazaki, diretor das belíssimas animações A Viagem de Chihiro e Princesa Mononoke, é ûma referência em todo o mundo. Ele resiste fazendo seus animês em 2D e utilizando em suas incríveis – e mais complexas do que aparentam – histórias, sempre na dobra entre o real e o imaginário, elementos tradicionais da cultura japonesa. Muitas vezes esses traços não são perceptíveis para a maioria dos es­­trangeiros.

Já entre os cineastas que dirigem atores de carne e osso, talvez o maior nome vivo do cinema japonês seja o do veterano Yôji Yamada, hoje aos 79 anos.

Longe de ser um artista de vanguarda, ele é respeitado mundialmente por manter vivo e renovar o gênero épico. Em 2002, foi indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro pelo eletrizante e muito bonito O Samurai do Entardecer, baseado em um conto do escritor Shuhei Fujisawa, também autor de A Espada Oculta (2004). Ambos retratam o Japão dos anos 1860, época durante a qual o país passou por intensas transformações políticas, abrindo-se mais ao Ocidente.

Entre 25 e 31 de outubro, a Cinemateca de Curitiba exibe a Mostra de Cinema Japonês (leia quadro ao lado), que vai exibir dois filmes de Yamada, Kabê – Nossa Mãe (2008), um drama familiar que se passa nos anos 1940 e Honra de Samurai (2006), que segue a mesma linha de O Samurai do Entardecer e A Espada Oculta.

Múltiplo

Bem mais contemporâneo nas suas temáticas e no estilo do que Yamada, Takeshi Kitano é um caso à parte. Aos 63 anos, está entre as figuras mais populares do mundo do entretenimento no Japão. Começou a carreira como ator e comediante sob o apelido Beat Takeshi e até hoje mantem programas humorísticos na tevê, uma faceta sua pouco conhecida no Ocidente, onde Kitano desfruta de mais prestígio como cineasta do que no próprio país.

Em 1997, Kitano venceu o Leão de Ouro (melhor filme) no Festival de Veneza pelo tocante Hana-bi – Fogos de Artifício, no qual vive uma veriação de um papel recorrente na sua carreira de ator: um policial durão que demonstra pouca ou nenhuma emoção diante de situações-limite, mas é atropelado pela vida ao perder, aos poucos, a mulher para uma doença incurável.

Dentre seus admiradores confessos está o diretor norte-americano Quantin Tarantino, que lançou nos Estados Unidos o violentíssimo Sonatine – Adrenalina Máxima, filme de gângsteres que teria influenciado a obra do criador de Pulp Fiction e Bastardos Inglórios .

Em seu longa mais recente, o ainda inédito Outrage (Ultraje, em português), exibido na mostra competitiva de Cannes neste ano, Kitano retorna a suas raízes cinematográficas com uma história superviolenta sobre a Yakuza (a máfia japonesa) na qual qualquer coisa serve como ferramenta para matar, até mesmo os hashis, usados para comer.

Oscar

Na produção mais recente do cinema nipônico, o filme de maior repercussão internacional foi A Partida, vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro em 2009. O sensível e criativo longa-metragem de Yôjirô Takita emociona e faz rir contando a história de um violoncelista desempregado que retorna à sua cidade natal, no interior do país, e apenas consegue trabalho como auxiliar de um agente funerário que prepara, à maneira tradicional, os corpos dos mortos para a viagem final.

De certa maneira, A Partida pertence a uma vertente de filmes que lidam com o dia-a-dia de um Japão bem contemporâneo, um pais no qual tradições e modernidade coexistem, mas nem sempre de forma muito pacífica. Outro destaques nessa linha de filmes é o excelente Ninguém Pode Saber (2004), com direção e roteiro de Hirokazu Koreeda.

A produção é baseada em um episódio real ocorrido no Japão dos anos 1980: uma mãe solteira abandona seus filhos pequenos, cada um deles de um pai diferente, e some no mundo com um novo namorado sem olhar para trás. As crianças. ao invés de recorrer a um adulto próximo ou às autoridades, optam por seguir com suas vidas sem que ninguém saiba do acontecido. Mas não sem traumas.

O drama, que como A Partida também tem momentos de comicidade, é conduzido de forma econômica e sem recorrer ao sentimentalismo. É todo centrado em Akira, um garoto de 12 anos, vivido por Yûya Yagira, que ganhou o prêmio de melhor ator no Festival de Cannes. Ele assume as rédeas da situação e cuida dos irmãos numa história surpreendente. Um entre tantos retratos de um país fascinante em constante mutação.

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