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Proposta porto-alegrense montada por curitibanos: o humor ameniza uma situação dramática | Fernando Dias/ Divulgação
Proposta porto-alegrense montada por curitibanos: o humor ameniza uma situação dramática| Foto: Fernando Dias/ Divulgação

Serviço

Ópera Atômica - As Sete Caras da VerdadeQuando: Entre os dias 2 e 5 de abril, às 21hQuanto: R$ 20; meia entrada para estudantes e idosos a partir dos 60 anosOnde: Teatro Regina Vogue (Av. Sete de Setembro, 2775, 2º piso – Shopping Estação - Centro – Curitiba, PR. Telefone: (41) 2101-8292)Confira o serviço completo no site Guias e Roteiros RPC

Uma das montagens que estreou durante o Festival de Curitiba segue em cartaz neste final de semana, no Teatro Regina Vogue. Ópera Atômica – As Sete Caras da Verdade arrebatou o público.

A atriz Rosana Stavis foi aplaudida em cena aberta. Maurício Vogue prova que é um artista múltiplo: canta, dança, atua e provoca risos e aplausos. Daniel Siwek, mesmo com a sua performance-relâmpago (ele "morre" logo no início) dá sinais de que é um ator talentoso. Paulo Barato, o narrador, é versátil, carismático e convincente.

Acima de tudo, o autor da proposta, Nico Nicolaiewsky (Tangos e Tragédias), evidencia ainda mais a sua genialidade artística.

Há quatro anos, Nicolaiewsky deu por encerrado o projeto. Durante duas décadas, entre as outras emergências da vida, elaborou uma ópera em diálogo com um enredo no formato de HQ. O personagem Rodolfo mata o Alencar. Mas, apesar de acertar o alvo, ele cometeu um erro. Quem "deveria" ser assassinado era, na realidade, outro alguém. Entre a tentativa de expurgar o erro, até encontrar quem deveria, para Rodolfo, ser abatido, a peça acontece.

Uma noite, em meio à transmissão do Programa do Jô, Nicolaiewsky contou que tinha essa promessa de espetáculo, só faltava um parceiro para tornar o sonho realidade. Maurício Vogue seria esse elemento deflagrador. Assim, e somente assim, Ópera Atômica saiu da inércia.

Cante e ação

Tudo é cantado. Há um coro. E uma pequena orquestra (quatro músicos) sob a batuta de Gilson Fukushima, talento da música que também funciona – e muito bem – enquanto ator. Rupturas provocam efeitos mais do que excelentes, por soarem "inesperados".

Rodolfo interrompe o narrador. Mais que isso. Prova que tem "poderes" e manda o maestro parar a música. A ousadia segue: Rodolfo (interpretado por Maurício Vogue) tenta recomeçar a peça, mas não será possível pisar outra vez no mesmo cenário.

O estrebuchar da viúva (Rosana Stavis) é um momento memorável, desses que somente o teatro é capaz de proporcionar. Ela canta, dança, produz um sapateado rítmico e diz um texto profundo e simples, em uma cadência veloz que impressiona até quem, eventualmente, não entende o que está sendo dito.

Stavis em cena é um terromoto – nada fica como estava antes a partir do momento que ela está no palco.

Se é possível lamentar (e isso é uma crítica, sim) que a curadoria do Festival de Curitiba não incluiu essa montagem na grade da Mostra Contemporânea, resta saber que o público já reconheceu, aplaudiu e, agora, tem mais algumas oportunidades para rever essa obra surpreendente da dramaturgia contemporânea, afinada com o espírito não-linear do nosso tempo.

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