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Pagu Leal e Edson Bueno interpretam Wanda e Severin, amantes que desprezam os limites “saudáveis” de uma relação a dois em A Vênus das Peles, em cartaz de quarta a domingo, no Mini-Guaíra |
Pagu Leal e Edson Bueno interpretam Wanda e Severin, amantes que desprezam os limites “saudáveis” de uma relação a dois em A Vênus das Peles, em cartaz de quarta a domingo, no Mini-Guaíra| Foto:

Mesmo que o masoquismo, tal como foi revelado há dois séculos pelo escritor austríaco Leopold Sacher-Masoch, pareça distante no tempo ou radical nos padrões de comportamento, não significa que não contenha tensões sempre atuais a um casal. Por isso, uma obra como A Vênus das Peles, adaptada por Pagu Leal no espetáculo de mesmo nome, sobrevive pertinente.

O embate entre Severin e Wanda se centra no despertar e na ma­­nutenção do desejo do outro. É um equilíbrio sob ameaça, pois o excesso de sentimento de um pode minar o interesse do par. A duração do amor não é garantida, nem a simultaneidade do fim do afeto. Ideia capaz de desesperar quem pressente que será abandonado.

Tentando lidar com essa relação que se configura como disputa, o casal se arrisca fora dos padrões considerados saudáveis. Dando a Wanda poder de subjugá-lo e liberdade para traí-lo, Severin afiança uma ligação duradoura com ela e assim satisfaz, em princípio, os anseios dos dois. Mas não será um acordo simples de sustentar. Dele surgem feridas, na medida que os dois desprezam os limites emocionais e sexuais convencionados para a proteção individual e se expõem a uma relação mais íntima e imprevisível.

A montagem que estreou no Mini-Guaíra na sexta (11), diante de plateia lotada, é um projeto pessoal de Pagu, que atua ao lado de Edson Bueno, convidado por ela também a dirigir o espetáculo. A pessoalidade do projeto e o interesse da atriz no tema se refletem em uma entrega absoluta ao papel, abdicando de pudores quaisquer – no que Edson Bueno a acompanha em igualdade.

Além dos dois amantes, aparecem em cena a figura aflita do escritor e a personificação da deusa da beleza, acrescentando uma fina camada de comentário filosófic às questões que o tema levanta.

Não deixa de ser um recurso de atualização, assim como o uso de projeção de vídeo, ainda que a encenação tenha um ar passadista nos elementos visuais e mesmo na direção dos atores. Inclusive pela marcação de movimentos. A interação ousada dos corpos despidos ocorre em uma situação de erotismo tão explícita – e coreografada – que pode ser percebida menos como "ardente" do que plástica, ao ressaltar a beleza da nudez e do sexo. GGG1/2

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