| Foto: Flavio Sampaio/Divulgação
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Como vocês chegaram a um texto que mistura mito e figuras anônimas paulistanas?

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Sempre fui apaixonado pela escritora Marguerite Yourcenar, especialmente pelo livro Fogos. É algo que me persegue desde que estudei em Curitiba. Dele, adaptei "Safo ou o Suicídio". Já pensava em fazer "Pátroclo ou o Destino" quando Fábio Mazzoni entrou em contato comigo, me deu uma fotocópia do conto e me desafiou, dizendo que daria uma bela montagem. Foi uma grande coincidência.

Como chegaram à figura dos sem-teto?

São duas questões muito importantes com que Os Satyros vêm trabalhando: o centro da cidade de São Paulo, especialmente a Praça Roosevelt, e o teatro documental, performático. Perto da minha casa existem algumas invasões. Passei a observar o trabalho deles, como eles transitam. É um fenômeno contemporâneo, que não entendemos muito bem. São espaços vazios ocupados, que eles tomam para si, e a tendência disso é aumentar. É diferente do movimento dos sem-terra, que estão longe de nós. Eles a gente vê – e, muitas vezes, queria que estivessem longe.

Como isso se transformou em uma comédia?

Não sei se é comédia. Está mais para tragicomédia. A história de Pátroclo faz parte da Ilíada (Homero) e se passa durante a guerra de Tróia. Marguerite provavelmente situa a adaptação na Primeira Guerra Mundial. Eu tento trazer a história para a guerra de hoje, que é a da sobrevivência nas grandes cidades caóticas. Por isso, a situo em São Paulo alagada. Naquele verão, 1 milhão de pessoas morrem. A tragédia toda acaba se refletindo em algumas coisas engraçadas, mas é só um ponto de partida.

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Algum espectador pode ir em busca de um stand-up...

Vai levar um susto, porque não fazemos stand-up. Eles são artistas de rua. No dia do confronto, fazem um último stand-up – mas às avessas.

Qual é o conflito do trio?

Eles invadiram um prédio, e nesse dia serão surpreendidos pela polícia. No mito, Pátroclo e Pentesileia morrem...