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Key Imaguire Junior se interessa por Chico Buarque, Paulo Vanzolini, ópera e erudita:”Muitas de minhas músicas prediletas são de Mozart” | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Key Imaguire Junior se interessa por Chico Buarque, Paulo Vanzolini, ópera e erudita:”Muitas de minhas músicas prediletas são de Mozart”| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

A série

A cada semana, uma personalidade de Curitiba escolhe discos favoritos. A série "Acervo Pessoal" tem oito episódios e hoje você lê o último deles.

Começou na infância a relação muito próxima do arquiteto Key Imaguire Junior com a música.

Na pacata Curitiba da virada da década de 1950 para 1960, ele herdou do pai não só o nome, mas o gosto pela música erudita: som que fazia a cabeça de grande parte da população da capital, predominantemente de imigrantes.

"Meu pai era sócio da Sociedade de Cultura Artística Brasílio Itiberê (Scabi) e durante essa época era um programa de família ir ver os concertos", lembra.

Para quem não conhece a história da confraria musical, Key explica que se tratava de uma entidade sem fins lucrativos que funcionou entre 1944 e 1976, espécie de clube que cobrava mensalidades dos membros e, assim, conseguia promover na cidade concertos e recitais com músicos e orquestras de prestígio .

"Com a conclusão do Teatro Guaíra [em 1974], essa atribuição foi encampada pelo estado inclusive com a criação da nossa Orquestra Sinfônica. O público, no entanto, tinha sido formado pelo trabalho da Scabi. Eu também formei na época o gosto pela música clássica, que guardo até hoje e levarei para sempre", explica.

Não é difícil, ao passar pelas ruas do bairro Mercês, ouvir peças de Beethoven, Wagner e Mozart. Sinal de que Key Imaguire está na prancheta. "É o que coloco para ouvir quando vou trabalhar", conta. Ele diz, contudo, que "só ouve música para fazer trabalhos estritamente manuais, como desenhar ou fazer algum estudo arquitetônico."

Pesquisas e leituras em livros e histórias em quadrinhos de sua biblioteca [ele é um dos fundadores da Gibiteca de Curitiba, em 1982] exigem um silêncio respeitoso.

Não imagine, no entanto, que o gosto pela música se resume a sinfonias e concertos. "Quando virei adolescente, passei a gostar da música do meu tempo. Eu me encantei, como a minha geração toda, pelos Beatles e os Rolling Stones, o rock e a música popular brasileira da época, da bossa nova às canções dos festivais de televisão", explica. Nessa época, chegou a se tornar um colecionador de discos. Teve vinis aos milhares, mas vendeu todos em um pacote fechado para um colecionador, no início dos anos 1990.

"Chegou um momento, com o advento do CD, que eu achei que era melhor me desfazer enquanto era tempo. Não consegui imaginar que o vinil voltaria como está acontecendo agora", ri. Entre os discos de que sente falta estão a coleção completa dos álbuns de Chico Buarque, e todo o catálogo das lendárias gravadoras Elenco e Marcus Pereira. "Uma boa parte, eu consegui recuperar, mas tem alguns discos que são impossíveis", diz.

Os favoritos

O arquiteto Key Imaguire Júnior comenta seus discos prediletos a pedido da Gazeta do Povo:

Acerto de Contas

Paulo Vanzolini (2002)

A caixa com quatro discos reuniu pela primeira vez todas as composições do sambista e cientista. "É o disco definitivo com todas as canções. Para mim ele faz parte de uma tríade ao lado de Noel Rosa e Chico Buarque, caras que estão muito longe dos demais em matéria de letras. Dele, eu destaco a ironia, a incorreção política, as crônicas que faz de uma vida noturna que não existe mais."

Duetos

Chico Buarque (2002)

"O Chico é o herdeiro do Noel Rosa. Ele sabe falar de uma maneira simples ainda que fique clara toda a erudição que traz de família, filho que é do maior historiador do país. Ele fala de amor como ninguém, mas também foi porta-voz de todas as pessoas que não engoliam a ditadura. Eu sempre ouço esses duetos com alguns dos melhores intérpretes do país. É um disco muito gostoso".

Ainda

Giuseppe Verdi

O disco traz a gravação feita pela Orquestra do Teatro Scala de Milão com regência de Cláudio Abbado. Esta escolha se deve à minha fascinação pela Itália. Eu tive a sorte de assistir a uma montagem de Aida na Arena de Verona. É uma coisa impressionante. Aliás, pode ser um delírio da minha cabeça, mas acho que o cinema italiano é tão bom e tão denso porque tem este background da ópera".

Concerto p/ Piano nº 21

Mozart

"O antigo frequentador de concertos ainda gosta muito desta. É meu predileto. É Mozart em seu dia de Chopin, uma composição extremamente romântica. Muitas das minhas músicas prediletas são de Mozart. Para mim, a arquitetura, a música e as artes plásticas estão sempre muito próximas e conversam entre si", disse. A gravação é "Elvira Madigan", com Frederich Bulda e a Filarmônica de Viena.

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