A compositora Clarissa Bruns está entre os quatro finalistas para a escolha final do samba-enredo da escola de samba Nenê de Vila Matilde, do grupo especial de São Paulo. A agremiação vai homenagear a cidade de Curitiba no enredo de seu desfile no carnaval de 2017.
Professora do conservatório de musica popular de Curitiba, Clarissa Bruns é a única compositora que concorre sozinha. Os demais concorrentes envolvem parcerias de até cinco pessoas. Ela também é a única mulher e a única curitibana na disputa.
“Os outros sambas na disputa têm uma visão de fora para dentro da cidade. A minha é de alguém que vivencia e nasceu na cidade. Ter outro tipo de interpretação teoricamente seria uma vantagem”, explica a sambista.
Caixinha de fósforo
Ela conta que o samba-enredo foi feito na “caixinha de fósforo”, no mesmo dia em que a direção da escola esteve em Curitiba para anunciar oficialmente que a cidade seria o tema do desfile.
“Conversei com o pessoal da escola neste dia e depois voltei para casa e escrevi algumas ideias. Ainda sem ter uma direção previa”, conta.
Após receber a sinopse do enredo do carnavalesco Alex Fão ela adequou sua composição à ordem da estrutura do enredo.
Presença Negra
Na letra do enredo, Clarissa trata da presença das várias etnias que formaram Curitiba, com um olhar especial para a presença dos negros na cidade
“Salve Waltel Branco e sua música/Desfila Poty no petit-pavé/ Coré Etuba de todas as artes
Arte que transborda e o mundo vê
“Tentei fugir dos estereótipos, mostrar Curitiba como uma cidade brasileira, com mistura racial. Vinte e cinco por cento da população da cidade é negra e ajudou a construí-la. Tratar deste assunto em nível nacional, no Carnaval, é um grande favor à cidade”.
A decisão será tomada no próximo sábado (3) na quadra da escola azul e branca da zona leste de São Paulo.
“Chegar à final é uma super vitória em um meio muito masculino. Ainda sou novata e aprendiz, mas acredito que tenho chance de ganhar. Seria bacana tanto para a escola quanto para a cidade”.
Carnaval do Rio
Outros dois compositores curitibanos, Renato José Bueno Lepinski e Marcelo Nunes, ambos diretores da escola de samba curitibana Acadêmicos da Realeza, são parceiros de um samba que está nas semifinais da Estácio de Sá, a primeira escola de samba carioca.
No enredo em homenagem ao compositor Gonzaguinha, os curitibanos são parceiros de outros sete sambistas que burilaram a composição em um grupo de WhatsApp.
“Funciona assim: dois ou três fazem o samba e depois a gente joga no grupo e vai arrumando um verso aqui, um refrão ali. Chega a dar briga e tudo mais, mas estamos muito satisfeitos com o resultado”, explica Lepinski.
A semifinal na escola do Morro de São Carlos, vizinha da Marquês de Sapucaí, no centro do Rio, é nesta sexta-feira (2). Marcelo e Renato estão viajando para o Rio para defender pessoalmente a composição.
No Carnaval deste ano, o compositor e apresentador de tevê Amado Osman e o carioca radicado em Curitiba Vinicius Nagem foram coautores do samba-enredo da escola de samba São Clemente.