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Tradução

Conheça algumas obras clássicas que ganharam novas traduções pelo selo Penguin-Companhia:

A Letra Escarlate - Nathaniel Hawthorne. Tradução de Christian Schwartz. Penguin-Companhia, 336 págs., R$ 27.

Clássico da literatura americana, A Letra Escarlate, publicado originalmente em 1850, é o primeiro romance de Nathaniel Hawthorne. Leitura obrigatória nas escolas dos Estados Unidos, a história se passa numa rígida comunidade puritana de Boston no século 17. Quando a jovem Hester Pryne dá à luz um filho ilegítimo, fruto de uma relação adúltera, é obrigada a andar sempre com a letra "A" de adúltera, bordada em seu peito. Desonrada e renegada publicamente, ela reúne forças para criar a filha sozinha, lidar com a volta do marido e preservar a identidade de seu amante.

Viagens de Gulliver - Jonathan Swift. Tradução de Paulo Henriques Britto. Penguin-Companhia, 448 págs., R$ 29,50.

O autor irlandês Jonathan Swift publicou Viagens de Gulliver pela primeira vez em 1726. Desde então, a obra teve diversas adaptações para o universo infantil devido a seu teor fantasioso de aventura. A obra original, no entanto, permite diversos níveis diferentes de leitura. A trama começa com o naufrágio do navio de Gulliver. Ele é arrastado para lugares longínquos no globo e habitados por seres muito estranhos. A passagem do livro mais conhecida é a primeira, em que ele, depois de ficar à deriva, chega à ilha de Liliput, onde todos os habitantes são minúsculos e vivem brigando por futilidades.

Odisseia - Homero. Tradução de Frederico Lourenço. Penguin-Companhia, 584 págs., R$ 34.

Considerada a segunda obra da literatura ocidental – sendo a primeira a Ilíada, do mesmo autor, a que dá sequência – Odisseia é uma narrativa heróica em forma de poema que conta a história do regresso de Ulisses a sua terra natal. Tradicionalmente concebida como uma obra oral por volta do século 8 a.C., exerceu uma influência imensurável em toda a cultura ocidental, desde os primórdios do teatro e da ópera até a produção cinematográfica recente. Repleta de personagens marcantes, como a fiel e paciente esposa Penélope, o virtuoso filho Telêmaco, a ninfa Calipso e as sedutoras e mortais sereias, a Odisseia é um dos livros mais estudados do mundo.

Na última sexta-feira, dia 30 de setembro, foi comemorado o Dia do Tradutor. A função desse intermediário entre a obra original e os falantes de um idioma diferente pode, por vezes, ser subestimada. "Traduzir não é só passar palavras de uma língua para outra, é uma constante negociação entre significante e significado", afirma o editor da Companhia das Letras, André Conti, um dos editores do selo Penguin-Companhia – que publica, entre outros, livros clássicos como A Volta do Parafuso, de Henry James e Viagens de Gulliver, de Jonathan Swift.

No caso da tradução de clássicos, mais elementos somam-se à complexidade do ofício. "Para traduzir um clássico é preciso um tradutor muito experiente no idioma. Os clássicos às vezes têm armadilhas, palavras cujos significados mudaram ao longo do tempo, palavras que, em português, podem soar anacrônicas, e assim por diante", explica Conti.

Essas são algumas preocupações compartilhadas pelo tradutor Christian Schwartz, responsável pela nova tradução do romance A Letra Escarlate, de Nathaniel Hawthorne. "Uma das dificuldades é achar o equilíbrio certo entre a fidelidade a um uso da língua – especialmente nos diálogos –, que pode soar estranho ao leitor de hoje, e o se adequar às exigências de fluência na língua atual, no seu registro moderno. Não se trata, claro, de ‘simplificar’ o original, mas justamente de traduzi-lo!", diz Schwartz, contando que, para traduzir Hawthorne, guiou-se pela crítica a respeito do autor e por outras obras escritas por ele.

O zelo com esse equilíbrio é, de acordo com Conti, uma questão de escolhas. Ele conta que, na série Clássicos da Penguin-Companhia, a prioridade é a tradução mais "estrangeirizante" do que "domesticadora". Isso quer dizer que é preferível que as passagens difíceis sejam explicadas em notas de rodapé a simplificarem os termos e fazer com que o livro soe menos profundo do que ele realmente é. Entretanto, cada tradução, ele diz, é diferente da outra: "quando o Paulo Henriques Britto fez a tradução de Viagens de Gulliver, por exemplo, ele optou por usar apenas palavras que já existiam na época em que o livro foi escrito. Isso faz sentido para essa obra, mas não necessariamente faz sentido para todas". E completa: "agora estamos lançando uma nova tradução da Odisseia, de Homero, de um tradutor português especialista no autor. Ele optou por preservar o clima de aventura e, ao mesmo tempo, usar um português corrente e acessível que fosse o mais fiel possível ao original".

Traduções passadas

Outra diferença entre traduzir um clássico e um livro contemporâneo é se deparar com outras traduções. O tradutor Caetano Galindo, que já traduziu, entre outros, O Diário do Beagle, do naturalista Charles Darwin, termina agora sua tradução de Ulysses, emblemática obra do irlandês James Joyce, publicada originalmente em 1922 e que chega às livrarias em 2012. Tido como um livro hermético e confuso, Ulysses já teve duas outras traduções: pelo filólogo Antonio Houaiss, em 1966, e pela professora Bernardina Silveira, em 2005. "A tradução do Houaiss, heróica por não dispor dos recursos que hoje temos, é mais dura e séria com o mérito de preservar a estranheza do livro. Já a Bernardina tem uma opção de tornar o livro mais terreno, de mostrar que é um livro que pode ser lido, feito para nós lermos também, não só para os críticos. A tradução do Galindo, por sua vez, é mais fiel à estranheza do livro e, ao mesmo tempo, ele não pisa nessa estranheza para mostrá-la", afirma André Conti.

Galindo confessa que, apesar de conhecer as duas traduções, não consulta nenhuma para fazer a sua: "Eu tendo a não consultar. O que não deve ser a melhor opção. Mas eu acho que a tradução literária não é um experimento científico, onde a colaboração dá o tom. Gosto de me responsabilizar eu mesmo, com todas as minhas fraquezas, por tudo que sai daqui". Ele acrescenta também, sem dar exemplos, que a primeira tradução de uma obra tem a responsabilidade e o peso de apresentá-la ao público leitor de um país. "A existência de más primeiras traduções já pôde evitar ou atrasar demais o aparecimento de uma segunda."

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