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Elmore Leonard completa 80 anos no dia 11 de outubro como um dos maiores escritores americanos vivos. Se se limitar ao gênero policial, o plural é desnecessário. Autor que mantém uma relação íntima com o cinema e a televisão – seus livros renderam mais de 30 produções –, Leonard tem 39 romances, 44 livros de contos e 14 de não-ficção. O Brasil não leu nem metade deles. Para diminuir o prejuízo, acaba de ser lançado Quando as Mulheres Saem para Dançar (Tradução de Haroldo Netto. Rocco, 224 págs., R$ 34), que reúne nove contos do mestre norte-americano.

Pode causar algum estranhamento a inclusão de duas narrativas que se passam no velho oeste – "Hurra para o Capitão Early" e "A Mulher Tonto" –, mas todas orbitam a idéia central de sua obra: a fragilidade da lei. Não faltam esquemas criminosos, chantagens e assassinatos. Um tema inesperado aparece em "Morando no Buena Vista", sobre romance entre um casal de idosos. "A mulher, Natalie, que usava lenços de seda para o cobrir o que lhe restava de cabelo, estava com um roxo-azulado na tarde em que Vincent bateu à sua porta. Ele lhe disse através da porta de tela que achava que estava na hora de eles se conhecerem."

O conto "Fogo no Buraco" tem um dos personagens mais queridos de Leonard, Raylan Givens, o agente com mania de xerife do romance Pronto. Da mesma galeria de ilustres, aparece Karen Sisco em "Karen Namora". A delegada federal, descrita com adjetivos como "bonita", "competente" e "confusa", é mais conhecida por Irresistível Paixão que, adaptado ao cinema em 1998, teve Jennifer Lopez no papel da agente – ao lado de George Clooney, sob a direção de Steven Soderbergh. Karen Sisco rendeu ainda uma série de tevê com seu nome, protagonizada pela atriz Carla Gugino (Sin City – A Cidade do Pecado).

"Dutch" (holandês), apelido que Leonard ganhou do nada quando ainda era estudante, é um escritor cinematográfico. A fama se deve pelo formato de seus textos, que priorizam os diálogos e as ações – nada de paisagens ou grandes descrições de ambientes. Além de Soderbergh, outro cineasta do primeiro time de Hollywood a adaptar um de seus livros foi Quentin Tarantino, que partiu de Ponche de Rum para criar Jackie Brown (1997). Entre os mais conhecidos, há ainda O Nome do Jogo (1995), estrelado por John Travolta, e sua seqüência, Be Cool (2005).

Outros dois filmes estão em produção. John Madden (Shakespeare Apaixonado) dirige Killshot, com Diane Lane (Sob o Sol da Toscana) e Viggo Mortensen (O Senhor dos Anéis). O ator Don Cheadle, indicado ao Oscar por seu trabalho em Hotel Ruanda, prepara sua estréia na direção adaptando Tishomingo Blues, com Matthew McConaughey (Como Perder um Homem em Dez Dias).

Leonard começou a escrever quando era redator de publicidade, usando papel e caneta – seus instrumentos de criação até hoje. A maior ousadia tecnológica a que se permitiu foi comprar uma máquina de escrever elétrica na década passada. Não tem computador e não pretende ter. Costuma dizer que escreve, "deixando de fora as partes que os leitores tendem a pular". A regra de criação mais importante, na sua opinião, é "se o texto parece que foi escrito, eu reescrevo". Por fim, um bom escritor, para Leonard, precisa desaparecer na história.

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