“O escritor precisa estar onde a sua verdade estiver. Cada macaco no seu parágrafo. Vamos falar disso. Esse encontro será uma oportunidade de eu e Carpinejar ficarmos juntos. Somos irmãos de outras viagens.” Marcelino Freire, escritor| Foto: Renato Parada/ Divulgação

Prosa viva

O Sesc-PR fomenta discussão sobre como a literatura se encontra com o ciberespaço. Leia mais:

Conversas

Autores e Ideias, projeto do Sesc-PR, segue até novembro e a cada edição reúne dois autores, que participam de bate-papos, ministram oficinas e outras atividades. Daniel Galera e Daniel Pellizzari participaram de uma edição anterior. A curadoria do projeto é da jornalista Mariana Sanchez.

Carpinejar

Multimídia, o escritor estreou no formato livro, mas em pouco tempo tornou-se uma celebridade da internet. Mantém um blog (carpinejar.blogspot.com/), demonstra habilidade tanto para falar diante de plateias imensas como para fazer comentários no rádio ou na televisão. Agitador cultural permanente, passa mais tempo na estrada do que em sua residência na capital gaúcha. É considerado uma das vozes mais importantes e influentes da poesia brasileira.

Freire

O autor pernambucano é presença requisitada em todo local onde a cultura é falada, pensada e discutida. Pernambucano de Sertânia, vive em São Paulo. Publicou Angu de Sangue, BaléRalé, Contos Negreiros (Prêmio Jabuti 2006), RASIF – Mar Que Arrebenta. Organizador de diversas antologias, idealizou a Balada Literária, que todo ano reúne dezenas de escritores nacionais e internacionais pelo bairro paulistano da Vila Madalena. Mantém o blog eraodito.blogspot.com.

Amostra

Em crônica, o poeta gaúcho é direto: "O homem pode ser tão gentil que se desfaz na bebida para não culpar a mulher pela broxada. A mulher é tão educada que faz de conta que acredita." O pernambucano, ao escrever, é todo oral: "O que danado a gente vai fazer em Lisboa? Bariloche e Shangri-lá? Traslados para lá. Para cá."

CARREGANDO :)
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Qual a relação de A Ilíada, de Homero, com o twitter? O Face­book tem pontos de contato com a literatura espistolar (troca de cartas)? O Orkut seria uma nova roupagem para o antigo coreto das praças públicas? Dois escritores brasileiros, respeitados pela crítica e aplaudidos pelo público, devem responder a essas e a muitas outras questões hoje, a partir das 19h30, no Paço da Liberdade Sesc Paraná.

O gaúcho Fabrício Carpinejar, de 37 anos, e o pernambucano Marcelino Freire, 42, são os convidados do projeto Autores & Ideias. Depois do bate-papo na capital, a dupla segue para uma espécie de turnê por outras quatro cidades paranaenses: Lon­drina, Maringá, Pato Branco e Cascavel (sempre em unidades do Sesc-PR).

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"Um luxo", diz Carpinejar. "Afinal, hoje, nem mesmo bandas de rock conseguem fazer turnês. Então, nós dois, autores brasileiros, podemos nos considerar, mais do que tocados pela bem-aventurança, rockstars", afirma o poeta multimídia.

Carpinejar foi o primeiro autor brasileiro a publicar um livro com as suas "tuitadas". O www.twitter.com/carpinejar chegou às livrarias ano passado e ainda hoje é procurado pelo público. Aqui em Curitiba, o irriquieto gaúcho deve falar sobre o impacto do twitter na comunicação interpessoal. "Quando surgiu, o twitter servia para a pessoa dizer o que estava fazendo. Hoje, a pessoa dá uma ‘tuitada’ para revelar o que está pensando", diz.

Freire, já em 2004, chamava a atenção para a importância das frases ditas mínimas. Naquele ano, ele organizou a antologia Os Cem Menores Contos Brasileiros do Século. "Desde lá, previ a presença maciça desses microformatos, que vêm desde Machado de Assis, que mostrava força em seus capítulos de duas linhas", observa.

A pauta do encontro, A Nar­­rativa Breve na Era do Twitter, não será uma camisa de força. Carpi­­nejar diz que ele e Freire são repentistas e que, portanto, devem improvisar muito. Freire endossa a fala do amigo e cita alguns assuntos que podem surgir durante o encontro: "Literatura, internet, sexo, contos, novos livros, velhos livros, o mestre Dalton Trevisan, o que vier."

Carpinejar anuncia que haverá bate-boca, polêmica e até vexame. "Vou provocar o Marcelino. Aviso aos leitores da Gazeta do Povo: vou colocar o Marcelino em uma saia-justa. Espero que ele me coloque em uma ‘calça-justa’", diz, em tom de brincadeira, o poeta gaúcho.

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O prosador nordestino radicado em São Paulo responde a Carpinejar, naturalmente, fazendo graça: "Sabendo disto, sairei de saia, de Pomba Gira."

Os dois escrevem textos, publicam livros, participam de encontros e, acima de tudo, são performáticos. Freire já fez teatro e é um excelente declamador. A prosa que ele escreve, reconhecida pelo Prêmio Jabuti (Contos Negreiros), traz elementos da oralidade. Freire lendo é um espetáculo único, e o público não precisa pedir duas vezes para ele declamar verso ou prosa.

Carpinejar, que diz ter mais de duas mil utilidades, é até professor de rock em curso de uma universidade gaúcha. Ele fala em rádios, é conselheiro sentimental, e faz sucesso como cronista. Os seus dois livros de crônicas, Canalha e Mulher Perdigueira, além de ótimas vendagens, estão sendo disputados por produtores para serem adaptados para o cinema e para o teatro. "Vou provocar um tremor de terra em Curitiba", promete.

Serviço

A Narrativa Breve na Era do Twitter. Com Fabrício Carpinejar e Marcelino Freire. Paço da Liberdade Sesc Paraná (Pça. Generoso Marques, 189), (41) 3234-4221. Dia 10, às 19h30. Entrada franca.

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